OPINIÃO

Conjuntura Internacional

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

 

Javier Milei é o candidato mais bem votado na Argentina, em décadas. Juntamente com o Paraguai e o Uruguai (3/4 do Mercosul), forma uma emergente coalização política na América Latina, inclinada mais à direita. Soma-se o Equador. A situação econômica da Argentina, contudo, é dramática. Uma inflação anual em cerca de 142%, uma dívida comercial privada (bens e serviços tomados no exterior) em quase 50 bilhões de dólares (maior que o endividamento com o Fundo Monetário Internacional). Há ainda a herança peronista, que praticamente entregou o país nas mãos dos chineses. Há uma sorte de financiamentos de Pequim ao país, que sequer os argentinos conseguem dizer com clareza o tamanho da dívida. Empréstimos de curto prazo com juros altos. Os projetos chineses vão dos trens em Buenos Aires à geopolítica do lítio (Argentina é um dos maiores fornecedores mundiais do mineral) e forma o “triângulo do lítio”, juntamente com o Chile e a Bolívia.

 

Os projetos

 

Os argentinos possuíam dois projetos para escolher o futuro do país. De um lado, o do peronista Massa, que seria o de transformar a Argentina em uma espécie de protetorado chinês, criando uma dívida incalculável e afundando a economia de vez. Do outro, a esperança de um controle relativo da inflação, a partir das propostas disruptivas de Milei, como a dolarização, ou seja, o controle inflacionário a partir do câmbio.

 

Os problemas imediatos

 

Ao que tudo indica, Milei não dá sinais de um gradualismo, ao menos no que toca a algumas realidades econômicas e, principalmente, administrativas. Parece ser o caso de sua reforma ministerial, promessa de campanha que visa um grande corte nas estruturas políticas, para um verdadeiro ajuste fiscal. Em relação às estatais, os sindicatos já ameaçam. A dolarização ainda é uma incógnita, levando-se em consideração que a Argentina possui uma reserva baixa, menor que 30 bilhões de dólares. Dos riscos internos e imediatos, a de se considerar, doravante, uma miríade de protestos contra as medidas duras a serem tomadas para tirar a Argentina do atraso. Outro desafio será a composição no Congresso, para passar os seus projetos, sendo os peronistas uma barreira significativa.

 

A geopolítica

 

O cenário é de uma importante mudança geopolítica na América Latina. Milei já havia feito críticas ao Mercosul e sua baixa competitividade e retorno diante de acordos bilaterais estratégicos. Há o espaço para que o novo presidente possa aproximar mais os EUA da América Latina (reduzindo a influência chinesa), ainda mais com o cenário da eleição de Trump, o que reforçaria a aproximação. Em seu discurso, Milei prometeu realinhar as relações internacionais da Argentina com o mundo livre. Isso quer dizer, uma maior aproximação com as democracias. Nesse sentido, a sua relação com a China será determinante. A grande diferença é que Milei não terá meias palavras, seja com a guerra na Ucrânia e com a guerra entre Israel e Hamas (grande parte dos líderes latino-americanos são meros peões das autocracias). A nota do governo brasileiro sobre o candidato eleito não é nominal, demonstrando o esquerdismo infantil da diplomacia lulista. As primeiras viagens de Milei, antes de tomar posse, provavelmente seriam para os EUA e Israel. O simbolismo já está posto, Milei não será marionete de ditaduras deprimentes. 

Gostou? Compartilhe