OPINIÃO

Vinde, benditos de meu Pai!

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Celebramos no final do Ano Litúrgico a solenidade Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. Toda liturgia ensina e reza esta soberania. (Ezequiel 34,11-17, Salmo 22, 1Coríntios 15,20.26-28, Mateus 25, 31-46). O profeta Ezequiel apresenta Deus como Rei Pastor que guia e governa o mundo inteiro. Mateus apresenta Cristo como juiz que pronuncia a palavra definitiva sobre os homens. Em ambas as situações, domina o amor como regra máxima da sabedoria do governo divino e como critério de juízo definitivo.

Durante a vida pública Jesus rejeitou o título de rei quando tinha significado político, à maneira “dos chefes das nações” (cf. Mt 20,25). Durante a sua Paixão, ele reivindicou a realeza diante de Pilatos, o qual o interrogou explicitamente; “Tu és rei?”, e Jesus respondeu: “Tu o dizes, eu sou Rei” (Jo 18,37); mas pouco antes tinha declarado: “o meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36). De fato, a realeza de Cristo revela a realeza e atuação de Deus Pai, o qual governa todas as coisas com amor e com justiça. A realeza de Deus revela a sua transcendência em relação as coisas e manipulações humanas. A realeza de Deus é imanência, isto é, a sua presença na criação e na história humana realizando a salvação. A realeza de Deus também é escatológica pois aponta para as realidades últimas e a eternidade.

O profeta Ezequiel ajuda a recuperar a imagem de Deus como rei pastor que tem uma postura diferente dos reis humanos. “Assim diz o Senhor Deus: “Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas. [...) Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas e fazê-las repousar [...]. Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte. Vou apascentá-las conforme o direito”. A mesma descrição de Deus é feita no salmo responsorial, o salmo do Bom Pastor. O próprio Cristo se apresenta assim: “Eu sou o bom pastor” (Jo 10). Antes de fazer qualquer juízo sobre as pessoas, Deus oferece cuidados a todos. Não é seletivo, isto é, atende as fragilizadas e “vigia a ovelha gorda e forte”.

O Evangelho apresenta a parábola do Juízo Final que insiste sobre a realeza universal de Cristo juiz. A constituição “Gaudium et Spes” do Concílio Vaticano II ensina que “Cristo, alfa e ômega”, “é o fim da história humana, o ponto ao qual convergem as aspirações da história e da civilização, centro da humanidade, alegria de todos os corações e plenitude de todos os seus desejos. A Ele é que o pai ressuscitou dos mortos, exaltou e colocou à sua direita, constituindo-o juiz dos vivos e dos mortos. Vivificados e congregados em seu Espírito, caminhamos para a consumação da história humana, que concorda plenamente com o seu desígnio de amor: ‘Reunir todas as coisas em Cristo, as que estão nos céus e as que estão na terra” (Efésios 1,10).

“À luz da centralidade de Cristo, a Gaudium et Spes interpreta a condição do homem contemporâneo, a sua vocação e dignidade, assim como os âmbitos da sua vida: a família, a cultura, a economia, a política e a comunidade internacional. Esta é a missão da Igreja ontem, hoje e sempre: anunciar e dar testemunho de Cristo, para que o homem e todo homem, possa realizar plenamente a sua vocação” (Bento XVI).

A parábola do Juízo Final usa imagens muito simples e uma linguagem acessível. Ela convida e estimula para o reto agir. É um convite a todos e, as obras de amor exemplificadas, estão ao alcance de todos. Na estrada das boas obras todos os homens se tornam iguais. São elas que tornam a vida bendita e que resultam no convite de Cristo juiz: “Vinde benditos de meu Pai!”

Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo

 

 


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