OPINIÃO

Que venha 2024

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Há mais de 35 anos, ao lado dos amigos Monika e Pedro abrimos as portas da Livraria Ana Terra. Localizada na Rua Jacob Gremmelmaier, no centro de Getúlio Vargas, a placa do estabelecimento era ornamentada pela roca de tear, uma alusão às personagens Ana Terra, Bibiana e Luzia, do romance O tempo e o vento de Érico Veríssimo. A fachada pintada de amarela, com a porta em verde a sua guarnição em vermelho foi inspiradas na bandeira do Rio Grande do Sul. Fazíamos parte da Casa da Cultura, que além de promover a Mostra de Cultura e Dança Gente Nossa, realizava periodicamente a Feira do Artesanato e Brique, no Calçadão da Praça Flores da Cunha, aonde também se comercializavam livros. A aquisição de livros pelo reembolso postal, o ancestral do e-commerce, e o Circulo do Livro, não atrapalhava a venda da pequena livraria que se mantinha graças a um público cativo.

O hábito de leitura deste escriba era bem anterior, e foi forjado nos bancos da escola do Colégio Marista Cristo Rei e da Biblioteca Pública Municipal, atendida com zelo pela senhorita Zulmira Chiesa. É crível que a escolha da história e do jornalismo tenha recebido a influência da formação humanística recebida. De igual modo da diversidade de revistas e jornais como Pasquim e Movimento, vendidos na Livraria Ideal, do saudoso Moacir Roque Bischoff. 

Como nas colunas de final de anos anteriores, compartilho com os oito ou dez leitores que acredito ter, alguns dos livros lidos em 2023.

Aproveito para desejar um FELIZ NATAL e um ano de 2024 de muitas realizações.

 

 As obras selecionadas:

 

Tchekhov, Anton. Últimos Contos

Poucos escritores são tão influentes quanto o russo Anton Tchékhov (1860-1904) quando se fala em ficção curta. Traduzido por Rubens Figueiredo, o livro traz alguns dos contos mais celebrados do autor, como "A dama do cachorrinho", "Um caso médico" e "A noiva", entre outros exemplos dessa produção dos anos finais do escritor. É o testamento ― ainda vivo na arte da melhor ficção breve ― de um dos autores fundamentais da literatura mundial.

Trevisan, Dalton. Antologia Pessoal

Da constelação de sua vasta produção literária, Dalton Trevisan selecionou 94 contos. Com prefácio do crítico Augusto Massi, esta Antologia pessoal proporciona, ao mesmo tempo, um rito de iniciação aos novos leitores e, àqueles que já são íntimos do Vampiro de Curitiba, um inventário de suas melhores histórias.

 

Tudor, C. J. O Homem de Giz

Assassinato e sinais misteriosos em uma trama para fãs de Stranger Things e Stephen King Em 1986, Eddie e os amigos passam a maior parte dos dias andando de bicicleta pela pacata vizinhança em busca de aventuras. Os desenhos a giz são seu código secreto: homenzinhos rabiscados no asfalto; mensagens que só eles entendem. Mas um desenho misterioso leva o grupo de crianças até um corpo desmembrado e espalhado em um bosque. Depois disso, nada mais é como antes.

 

Ruas, Tabajaras. Varões Assinalados

Um dos maiores romances sobre a Revolta Farroupilha (1835 – 1845), Tabajara Ruas, O Patrono da Feira do Livro de Porto Alegre em 2023, narra a trajetória de Bento Gonçalves, Bento Manuel e o italiano Garibaldi, entre outros, que desafiaram o Império e fundaram uma República no sul do país, dando início a uma das mais sangrentas guerras ocorrida em solo brasileiro. O autor constrói uma narrativa livre como uma paisagem do pampa, em que podem ser capturadas, em estado puro, a alma, a cultura e a identidade de todo o Rio Grande do Sul e, portanto, do Brasil.

 

Figues, Orlando. Os europeus: O século XIX e o surgimento de uma cultura cosmopolita

Do renomado autor de Uma história cultural da Rússia, Sussurros e A tragédia de um povo, Os europeus explora como a era das ferrovias, no século XIX, deu início ao primeiro período de globalização cultural. Na Europa, o século XIX foi um período de conquistas artísticas extraordinárias. Também foi a primeira era da globalização cultural — uma época em que a comunicação de massa e as viagens de trem de alta velocidade aproximaram todos os países, superando as barreiras do nacionalismo. Surgiu assim. na arte, na música e na literatura, um cânone verdadeiramente europeu. Em 1900, o continente inteiro lia os mesmos livros, reproduzia as mesmas pinturas, ouvia as mesmas músicas em suas casas e salas de concerto e assistia às mesmas óperas nos maiores teatros.

Teles, Lygia Fagundes: Os Contos

Lygia Fagundes Telles é considerada pela crítica uma das maiores escritoras brasileiras e, sobretudo, uma contista extraordinária. Pela primeira vez, o leitor tem acesso à mais completa antologia de contos da autora, em uma edição especial que inclui, além de suas principais coletâneas, diversos escritos esparsos, há tempos fora de catálogo. Dos primeiros contos, concebidos na juventude, até sua produção mais madura, Lygia exibe sua maestria na narrativa curta, sempre com sensibilidade e sutileza, em textos impecáveis.

Schor , Ralph - Paris dos Escritores Americanos 1919-1939

 

Paris dos escritores americanos A cada viagem que faço, é sempre a Paris que sonho retornar, Henry Miller Temos uma saudade terrível de Paris, Ernest Hemingway [Paris e a França constituíam] o pano de fundo natural para a arte e a literatura do século XX, Gertrude Stein Por que tantos escritores americanos, entre os melhores de sua geração, se exilaram em Paris no período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial? Como era a vida cotidiana, social e intelectual na capital francesa? O que encontraram lá, que não havia no outro lado do Atlântico? Estas são algumas das perguntas de que trata a presente obra, Ralph Schor, historiador especialista em história contemporânea, relata como era a capital francesa aos olhos dos escritores norte-americanos que lá buscaram abrigo,

Barreto, Lima - Contos completos

A importância de Lima Barreto (1881-1922) na literatura brasileira tem sido objeto de sucessivas reavaliações. A oralidade despojada de seus textos e o tom memorialista e de crônica jornalística foram duramente criticados por contemporâneos como José Verissimo e, ao mesmo tempo, serviram de atrativo para as vanguardas modernistas. Embora tenha morrido cedo, aos 41 anos, Lima Barreto deixou uma importante produção de romances, crônicas e contos.

Com organização, introdução e notas de Lilia Moritz Schwarcz, esta edição reúne os 149 contos do autor, resgatados por meio de pesquisas em manuscritos, edições originais, jornais e revistas da época. Tanto os contos menos conhecidos quanto alguns mais famosos, como "A Nova Califórnia" e "O homem que sabia javanês", ressaltam o aspecto autobiográfico que, segundo a organizadora, perpassa toda a carreira de Lima Barreto.

Jones, Dan - O poder e os tronos - Uma nova história da Idade MédiaCom uma narrativa repleta de grandes nomes – de Santo Agostinho e Átila, o Huno, ao profeta Maomé e Eleanor da Aquitânia –, Dan Jones tece um relato envolvente do período conhecido como Idade Média, partindo da Antiguidade tardia e do Ocidente islâmico e culminando nas primeiras viagens europeias às Américas.

Peixoto, Laura - Malvina

Julia Malvina Hailliot Tavares foi a primeira professora estadual e a primeira com turma mista, na colônia de São Gabriel (RS). Filha de imigrantes franceses, nasceu em 1866, em Encruzilhada do Sul. É avó do jornalista e escritor Flávio Tavares. Como educadora, exerceu influência na sociedade rural além dos limites da sala de aula. Sua forma de ensino seguiu a pedagogia libertária, associada às primeiras organizações proletárias. Em determinado momento, Júlio de Castilhos a transfere para São Gabriel de Lajeado, hoje Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari. A lenda familiar fala em represália política, sem explicar o por quê. .

 

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