Desejos e necessidades
Assim como a nossa existência, os caminhos têm começo, meio e fim. É uma lógica matemática dimensionada em chão ou tempo. A extensão física é, geralmente, algo palpável e que até visualizamos. Já o tempo, só enxergamos nos ponteiros ou dígitos dos relógios e nos calendários. Tempo é uma marca e merece ser comemorada. Não brindamos os minutos, dias ou meses. Celebramos os anos. É o Réveillon, episódio de ligação no ínfimo intervalo entre o fim de ano e o ano novo. Sim, trata-se da fração de segundo que atua como ponte entre 365 dias que passaram e os 365 que iniciam.
Por esse salto, o Réveillon é um momento mágico. É claro que os significados não são apenas tão matemáticos, pois a dita passagem é envolta por energias místicas. É a hora dar um chute na bunda da tristeza, jogar fora a negatividade e atirar no lixo o que teve de pior no ano que se foi. Sim, nessa hora até amaldiçoamos o ano que termina. Isso, é claro, porque naquele exato instante começa algo novo. Isso não significa que seja maravilhoso, pois ainda é desconhecido. Eis o mistério que nos seduz. Não conhecemos, mas é a grande oportunidade que temos para avistar os desejos que povoam nossas cabecinhas. Isso também traduz as nossas necessidades.
A vassoura velha ganha status de vassoura nova. Assim como no velho ditado, vassoura nova varre melhor. Tem lógica. Mas não podemos nos esquecer de que a nova vassoura estará nas mesmas mãos que varriam com a velha. A grande diferença está nas vibrações, na maneira de encarar o percurso. No início, varremos conduzidos pelos desejos e necessidades. Quanto mais fortes os sentimentos, mais feliz será trajeto. Que os nossos desejos supram as necessidades e tenhamos um maravilhoso novo ano.
Máquina do tempo
Não uso muito a expressão ‘parece que foi ontem’, mas entendo como necessária. Então vamos lá. Parece que foi ontem que a impecável Rádio Guaíba apresentava o programa “2001”. A produção de Flávio Alcaraz Gomes era futurística e carimbada com a frase “bem antes (ou bem depois) de 2001”. Temas científicos ou até místicos, recebiam as vozes de Lauro Hagemann, Sérgio Shüeller, José Fontella, Egon Bueno, Ênio Berwanger e de outros, embaladas pelos efeitos de Fernando Veronezi. Impactante, colocava-nos no futuro. E aquele mítico 2001 parecia tão distante. Agora, a um passo de 2024, lembro que o 2001 é uma odisseia ultrapassada há 23 anos! Isso significa que o futuro que ontem habitava os meus neurônios hoje é passado. Máquina do tempo? Sim, a vida é a máquina do tempo.
Meu desejo
Já que estamos na borbulha de final de ano, não posso esconder o meu desejo. Não vou entrar naquela mesmice de voz uníssona que ouço há 30, 40, 50 ou mais de 60 anos. Sim, não estão mais na minha lista de desejos possíveis um aeroporto em local adequado, o asfaltamento da Transbrasiliana, duplicação da estrada para Marau, um novo presídio, um túnel ou trevo na saída para Erechim etc. Meu desejo é apenas que seja resolvido o problema do fedor causado pela pastelaria, aqui no térreo do prédio. Um singelo desejo, aliás um direito: respirar sem o fedor de alho, cebola etc. Como Papai Noel já passou, quem sabe as autoridades ambientais deem uma mãozinha? O bom senso agradece.
Ex-radialistas
Na semana passada, reunimos ex-radialistas que passaram pelo rádio passo-fundense dos anos 1940 a 1980. O anfitrião foi Cézar Romero e a homenagem da noite coube a Jorge Gerhardt. Entre rádios à válvula, vitrolas e muitas fotografias o microfone registrou lindas histórias dos tempos em que as ondas médias usavam gravata. Um encontro que reuniu apenas profissionais e, como diria o saudoso Dino Rosa, “sem Agamenon”! A ata foi assinada por Acácio Silva, Aloir Pés, Carlos Alberto Fonseca, Bira Morsch (special guest), Carlos Giugno, Carlos Romero, Celestino Meneghini, César Romero, Jorge Antônio Gerhardt, Luiz Carlos Schneider, Luiz Miguel, Orlei Caramês, Paulo Bigóis e Pedro Rien. Em março tem mais.
Trilha sonora
Para encerrar o ano com maçaneta de ouro. Não basta técnica se não houver sentimento. É necessário viver a música.
Khatia Buniatishvili e Orchestre de Paris com o maestro Klaus Mäkelä - Concerto para piano e orquestra Nº 1 em Si bemol menor op. 23 de Tchaikovsky