Algumas pesquisas mundiais já apontam que o ambiente corporativo está, como nunca, acentuadamente preocupado com os rumos da geopolítica. Surge uma tendência global que prevê a adição de um novo “G” na sigla ESG (Meio Ambiente, Social e Governança) – e este “G” será o de Geopolítica. Desaceleração da economia mundial e da China, guerras, crise energética, eleições – são tópicos que passam a ser rotina para muitas empresas, na gestão de riscos externos. Negócios inovadores, startups, pequenas, médias e grandes empresas, exportadores, importadores etc., todos vão necessitar da mensuração dos riscos geopolíticos e, na coluna de hoje, vamos explorar algumas tendências para ficarmos de olho em 2024.
Economia internacional e China
Grandes instituições como a OCDE e o FMI projetam desaceleração da economia mundial em 2024. O cenário incerto da economia chinesa também acende alertas. As empresas deverão ter um plano de voo para um cenário de desajustes econômicos, incerteza com taxas de juros, câmbio e redução da demanda.
Terrorismo
Com o cenário conflituoso no Oriente Médio, o terrorismo mundial passa a ser uma preocupação. Haverá o incremento da segurança e contrainteligência, restringindo eventualmente o fluxo de pessoas e até mesmo de mercadorias. Há o risco da entrada do Irã (diretamente) na guerra, sem contar o hezbollah.
Guerras e corrida armamentista
As guerras na Ucrânia e no Oriente Médio induzirão o aumento na corrida armamentista de países autocráticos. Testes de mísseis norte-coreanos, risco nuclear com o Irã, aumento da projeção militar chinesa (pré-anexação de Taiwan), narrativas apocalípticas de Moscou etc.
Oceanos
Esses tempos escrevi que o Oceano Pacífico, de pacífico nada tem. Grande parte das tensões geopolíticas se concentrarão nos mares e nos estreitos. Soma-se a isso as guerras em andamento e os seus efeitos marítimos. Há o risco de atrasos longos, restrição na circulação comercial e conflitos, aumentando preços e ocasionando crises nas cadeias globais de suprimentos (que já estão fragmentadas). Um plano com alternativas logísticas é imperioso.
Eleições
Em 2024 mais de 50% da população mundial passará por eleições. Aqui o grande destaque será a americana, com a provável substituição do desastre de Biden e a sua política externa. Essa eleição vai afetar diretamente os negócios. Investimentos vão represar e a influência de Washington na América Latina poderá aumentar, no sentido de refrear os apetites descontrolados de Pequim.
Eixo autocrático
No ano que vem, o eixo de poder dos países autocráticos vai se fortalecer ainda mais. Muitos países desenvolvidos optam pelo “friendshoring” (negociar com países amigos). A política externa de Lula será ainda mais subserviente com as ditaduras, como já vimos no caso de Maduro.
IA
A Inteligência Artificial será incorporada ao uso militar, em termos significativos. Não há qualquer regulação internacional na área, permitindo toda a sorte de experimentos nos campos de batalha: veículos autômatos, guerras cibernéticas intensas, vigilância em massa etc.
Empresas
Os negócios deverão criar, com relativa emergência, uma estratégia inteligente para lidar com todos os riscos geopolíticos, minimizando o impacto deles. A falta de uma estratégia deixará a empresa vulnerável, em um cenário cada vez mais complexo.