A lenda do lendário calendário
Sempre fui fascinado por calendários. É o equivalente a ter o ano em sua mesa. Ou na parede, como no famoso calendário Pirelli e as atrativas silhuetas de seus pneus. Já foi moda o calendário de bolso que na prática ficava amassado na carteira. E, cá entre nós, lá por abril mudava de cor e em julho se esfarelava. O de parede, chamado de folhinha, é quase um outdoor. As agendas, que nunca saíram de moda, também têm um calendário na página de abertura ou na anterior à contracapa. E agenda que se preze tem que trazer calendário! Há muito tempo não uso um talão de cheques. Ao contrário do que maldosas mentes possam estar pensando, não é por nenhuma divergência com as instituições bancárias. Desta vez é pelo desuso do talonário.
Pois os talões de cheque também traziam na folha final um calendário, acredito que para facilitar o controle dos pré-datados. Tivemos calendários de pulso, onde dia e mês rolavam em quadradinhos abertos sobre os mostradores de relógios analógicos. À corda, obviamente. Depois criaram calendários permanentes ou ajustáveis. Eram muito bizarros, com argolinhas magnéticas ou grades móveis para formar o mês. Uma baboseira trabalhosa, mas, para orgulho do dono da mesa, tinha um falso charme de inovação.
E os trambolhos luminosos de parede, onde enormes dígitos vermelhos corriam e ninguém entendia nada? O pior era quando faltava energia elétrica, pois zerava tudo. O computador já chegou com calendário, os celulares também e os smartphones idem. Mas nada é melhor do que o meu calendário de mesa predileto: o da Caixa. Nos conhecemos muito bem, estamos afinados e basta uma espiadela para a necessária localização no tempo. Pois bem, chegamos ao terceiro dia do ano e, sem o meu calendário, ainda não sei por onde piso em 2024. Por favor, Caixa, não é aumento no limite de crédito. É apenas um calendário!
Quando o carnaval chegar
Tudo aquilo que não conseguimos cumprir durante os 12 meses de 2023, deixamos para o final de ano. Em meio a tanta correria, se não foi possível até o Natal, muitos compromissos ficaram para o Ano Novo. Outra correria, viagens, parentes, festas, amigos etc. E lá se foi o ano e, como de costume, transferimos tudo para os primeiros meses do novo ano. Mas, como é o tradicional período de férias, acabamos empurrando um saco de promessas para depois do carnaval. Isso significa que tudo ou quase tudo fica esperando o carnaval chegar. Se a ressaca não for das grandes, algo será cumprido. E sempre restarão promessas agendadas para o meio do ano, Natal e Ano Novo. Ou seja, tudo igual e nada de novo.
Descargas da ignorância
Pelo que ouço nas ruas de Passo Fundo, o uso de descarga aberta estaria liberado. Mudou a legislação? Carros, caminhonetes e motos circulam livremente sem os escapamentos originais. E propositadamente, pois a turma acelera para fazer barulho mesmo. Esses infratores, que resultaram da péssima educação, estariam protegidos por uma nova lei? Agora é permitido circular com escapamentos instalados para produzir barulho? Já é permitido veículos fora dos padrões de fábrica? Caso as respostas sejam negativas, então esses infratores convictos têm muita sorte em escapar da fiscalização. Ou, em última alternativa, o problema seria uma suposta carência de fiscalização?
Pombos e pássaros
Comecei o novo ano com uma leve caminhada ao Boqueirão e uma voltinha pela Vergueiro. Cidade tranquila, quase vazia no primeiro dia de 2024. No início do Boqueirão vi uma pomba morta na sarjeta. Logo adiante outra. E mais uma, duas, três... Um joão-de-barro morto também apareceu num canteiro. E mais pombinhas e um sabiá. Com certeza, mais de 20 aves mortas! Obviamente, em consequência do foguetório de Réveillon. Em simples cálculo de proporcionalidade, fica óbvio que somente na área urbana de Passo Fundo morreram milhares de aves. Some-se a isso o sofrimento de ouvidos sensíveis de cães e gatos. E o desespero das pessoas em condições especiais. Até quando?
Centenário
Faltam 533 dias.
Trilha sonora
Alba Armengou e Ramon Macià - How Deep Is Your Love