Como salientamos na semana passada, uma das grandes incógnitas para o ano que se inicia, é a complexa conjuntura do Oriente Médio, na medida em que a operação israelense se desenrola em Gaza. Nos últimos dias, a escalada de tensões com os terroristas do Hezbollah foi inevitável, uma vez que o “número dois” dos líderes do Hamas foi morto em Beirute, capital do Líbano. Enquanto essa coluna era fechada (ainda sem a posição formal de Israel sobre a morte do terrorista), chegavam anúncios por algumas fontes, de que potências ocidentais estavam a recolher os seus nacionais no Líbano, pelo temor de que a guerra pudesse se estender ao país.
O Mar Vermelho
Desde o início da guerra, a preocupação era a de abrir outras frentes no conflito, além de Gaza, cenário que se pontuava com razoabilidade. Ao mesmo tempo em que a preocupação terrestre emerge a cada dia, há uma verdadeira problemática no Mar Vermelho, sendo as embarcações de países ocidentais ameaçadas pelos terroristas do Iêmen. Grandes companhias marítimas que operam comercialmente no Mar têm interrompido a circulação de seus navios. Os terroristas Houthis representam um grande risco na rota marítima, enquanto alguns países elaboram estratégias para que as ameaças cessem. O grupo terrorista é mais um dos braços do Irã no contexto da guerra e inclusive utilizam mísseis balísticos no Mar Vermelho. O Irã chegou a enviar navio de guerra ao Mar Vermelho. Tudo isto tem gerado um grande transtorno à economia mundial e incertezas, que elevam o preço do petróleo e aumentam o custo do transporte, uma vez que alguns navios têm utilizado rotas pelo extremo sul da África do Sul. Sem falar nos eventuais choques nas cadeias globais de suprimento e aumento de preços, bem como atrasos consideráveis. Neste momento, há uma grande operação militar de potências ocidentais na região. Tudo dependerá, também, da entrada direta do Irã na guerra, lembrando que, até o momento, a guerra de procuração do Irã contra Israel tem utilizado os seus braços terroristas no Oriente Médio.
Explosões e escalada
A questão dos Houthis tem potencial de escalar. Países como EUA, Austrália, Canadá, Alemanha, Dinamarca, Itália, Japão, entre outros, divulgaram um comunicado: em persistindo as ameaças, atacar diretamente o grupo terrorista. Isso certamente será um impacto para o Irã, já que financiam os Houthis, utilizando-os para gerar um caos no Oriente Médio, diretamente em Israel e às potências ocidentais. Soma-se à essa questão, as explosões ocorridas (ainda sem autoria, no fechamento da coluna) em solo iraniano, nas imediações onde está enterrado Qassem Soleimani, um ex-terrorista da Guarda Revolucionária Islâmica, morto por ordem de Donald Trump, quando ainda era presidente. As duas questões possuem potencial de escalada, na medida em que o Irã busca tomar a decisão de entrar na guerra, de forma direta, o que ocasionaria uma conjuntura complexa, com novas proporções. Por terra, ar e mar – todos os caminhos apontam para dias desafiadores, com impacto direto na economia global e riscos geopolíticos consideráveis. Desde o início do conflito no Oriente Médio, já alertávamos que se tratava de uma guerra de procuração, em que o Irã utilizava frentes terroristas para gerar o caos na ideia de Ocidente, representada por Israel.