OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Nos últimos dias o caos tem se estabelecido no Equador. O recém-eleito presidente, Daniel Noboa, deverá enfrentar a situação com o peso da força que ela merece e o cenário é desafiador. Lembremos que as eleições foram conturbadas no país, principalmente com os diversos assassinatos políticos – com destaque ao de Fernando Villavicencio, que concorria ao pleito. Noboa tem 35 anos é a pessoa mais jovem a ocupar o cargo, no país. Foi deputado e hoje a sua agremiação política, a Ação Democrática Nacional (ADN) possui quase 20 assentos no parlamento. Ele cumpre o prazo residual de mandato de Guillermo Lasso, até 2025, desde que Lasso dissolveu o Congresso e chamou as novas eleições, na medida em que recebia acusações de corrupção.

A crise já se anunciava no país, desde o racha entre as duas facções de narcotraficantes, a partir da maior penitenciária do país, em Guayaquil. O Equador possui uma posição geográfica que favorece o tráfico internacional de drogas, possuindo vias de escape como o Oceano Pacífico e a própria Amazônia. As facções já controlam, relativamente, partes do território equatoriano, desafiando constantemente as autoridades.

 

Escalada 

Nos últimos dias, a violência emergiu consideravelmente, com a observação de sequestros, incêndios, fuga de presidiários e até mesmo atentados diversos. Tudo isso se aprofundou com a declaração de estado de exceção por Noboa, devido à fuga de um importante líder do narcotráfico, Adolfo Salazar, que comanda uma das maiores organizações criminosas no Equador.

 

El Salvador 

Há uma inclinação em Noboa, pelo trabalho que o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, vem realizando, com o forte enfrentamento aos criminosos, no país. Bukele foi eleito em 2019 e na época tinha 37 anos. Desde então, iniciou-se um processo de forte combate contra gangues e criminosos, a partir de Soyapango, uma região com altos índices de violência. Bukele conseguiu aprovar um decreto que suspendia garantias individuais como liberdade de associação e circulação. Desde então, a criminalidade reduziu a quase zero, sem um homicídio sequer. El Salvador abriga hoje o maior presídio da América Latina.

 

Desafio 

No fechamento desta coluna, o Equador já estava sob o decreto de “conflito armado interno”, que autoriza tanto a polícia como o exército a intervirem no que for necessário para restabelecer a ordem (se é que isso seja possível). Noboa, ao querer replicar o modelo exitoso de Bukele, declarou uma guerra contra os narcotraficantes, em um cenário em que as forças policiais não conseguem mais lidar com a escalada. Uma das ideias do presidente, seria a da deportação de prisioneiros estrangeiros, para os seus países de origem. Com a escalada descontrolada da violência e a insuficiência das forças de repressão para lidarem com o cenário, a tendência seria o inevitável pedido de ajuda militar aos seus aliados. Por enquanto, Noboa pede apoio político aos países sul-americanos. A questão é que o caos já toma conta, situação pior do que a de El Salvador, antes da solução exitosa de Bukele. Sem ajuda externa, será muito difícil contornar a situação. Assim, será interessante observar a manifestação dos líderes sul-americanos. Também será necessário o aumento no controle dos países que fazem fronteira com El Salvador, entre eles, a Colômbia e o Peru.

 

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