No calendário litúrgico da Igreja iniciamos o Tempo Comum que acompanha os passos de Jesus, do início da pregação pública até a entrada triunfal em Jerusalém. Neste tempo os textos bíblicos vão descrevendo o que Jesus falou, fez e o modo de agir e ensinar. Descreve Jesus em constante movimento, participando ativamente da vida civil e religiosa, dialoga sobre todos os temas que lhe são apresentados, revela o modo de chamar e formar seguidores, como revelam os textos da liturgia dominical (1 Samuel 3,3b-10.19, Salmo 39, João 1,35-42).
A mensagem dos textos bíblicos deste domingo revela como Jesus chama pessoas para se tornarem seus discípulos. Portanto o tema vocacional centraliza a atenção. O movimento da vocação é tríplice. A iniciativa de chamar parte de Jesus e o chamado acontece na rotina das pessoas. O segundo movimento é a resposta livre de quem é chamado. O terceiro movimento é o seguimento a Jesus e as mudanças na vida dos chamados. Simão passa ser chamado de Cefas, que quer dizer pedra.
Se da parte de Deus existe a busca pelos homens, o movimento dos homens também existe. Jesus vendo que estava sendo seguido pergunta: “O que estais procurando?” Eles responderam: “Rabi onde moras”. E Jesus respondeu: “Vinde ver”. A pessoa de fé sempre está em constante procura e em novas descobertas, porque Cristo é mesmo ontem, hoje e sempre, mas nós, o mundo, a história, nunca somos os mesmos, e Ele vem ao nosso encontro para nos oferecer a sua comunhão e a plenitude da vida.
Toda relação que Deus estabelece com os chamados é marcada pela liberdade e pelo diálogo, pois se trata de relações de pessoas. O vínculo a ser estabelecido é de aliança, de colaboração e não de escravidão ou dependência. O diálogo permite dirimir as dúvidas, fazer conhecer o projeto de quem está chamado, apresentar os medos, enfim criar condições para uma resposta livre.
O caminho vocacional necessita de mediadores para as pessoas reconhecer a voz de Deus e segui-la. Todos precisamos de um guia espiritual no caminho da fé, principalmente os vocacionados para a vida religiosa e sacerdotal. Mas também para viver a vida cristã se necessita de alguém que anuncia, testemunhe, aponte para Cristo e ajude a fazer o discernimento das coisas que se referem a Deus ou não.
A segunda leitura da 1ª Carta aos Coríntios ensina sobre o corpo humano. Convivemos com tantas compreensões sobre o corpo. O que é moral em relação ao corpo? O que desfigura o corpo humano? É ético o argumento: “o corpo é meu e faço dele o que bem entender?” São Paulo ensina: “O corpo não é para a imoralidade, mas para o Senhor [...] é santuário do Espírito Santo”. O nono mandamento ensina sobre o corpo humano: sua dignidade, meios de cuidado, tentações, desvios. A bem-aventurança: “Felizes os puros no coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8), orienta a compreensão do nono mandamento. A pureza exige o pudor, seja nos sentimentos, nas palavras e em relação ao corpo. “O pudor preserva intimidade da pessoa. [...] Orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e de sua união. O pudor protege o mistério das pessoas e de seu amor”, ensina o Catecismo da Igreja Católica. Como recorda São Paulo, o corpo é santuário do Espírito Santo, portanto é sagrado e ele merece cuidado e reverência.