OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Enquanto os conflitos terrestres se aprofundam, seja no Oriente Médio ou no leste da Europa, as tensões marítimas emergem, sendo um dos grandes riscos à geopolítica global. Mais de 90% do tráfego comercial no mundo depende dos mares. A transição energética global também dependerá dos mares. Praticamente, 1/3 dos recursos necessários à transição dependem da mineração em alto mar. A Noruega acaba de aprovar uma lei (sendo o primeiro país no mundo), para iniciar esse processo de exploração. Assim, não só a transição energética, mas o comércio global, dependem da segurança marítima, em um momento em que as tensões escalam em importantes rotas internacionais pelos oceanos. Um graneleiro grego que foi bombardeado recentemente no Mar Vermelho, obrigou que as demais embarcações comerciais utilizassem rotas mais longas, gerando um prejuízo financeiro e o atraso das mercadorias, que impactam diretamente o fornecimento às cadeias globais. Assim, neste momento, temos algumas tensões marítimas que se destacam, como o incerto Mar Vermelho e o Mar do Sul da China.

 

Mar Vermelho 

O Mar Vermelho é uma das principais rotas marítimas para o comércio mundial, uma vez que liga a Ásia à Europa, por meio do Canal de Suez. Mas, para isso, é necessário atravessar o Estreito de Bab el-Mandeb, controlado pelos terroristas Houthis, a partir do Iêmen. Com a conturbada conjuntura no Oriente Médio, na guerra de procuração do Irã contra Israel, os terroristas (que são um braço armado do Irã) já conduziram mais de 20 ataques no Mar Vermelho contra navios comerciais de aliados de Israel, principalmente os EUA, que tem liderado uma coalizão que tenta debelar o grupo. Os Houthis têm utilizado mísseis balísticos e são bem armados. O grupo tenta tomar o poder no Iêmen, em uma guerra civil que se desenrola desde 2014 e, para isso, aproveitam o apoio iraniano, levando a sua “mensagem” ao mundo (pois, até então, eram ilustres desconhecidos). Grandes companhias de navegação comercial cancelaram a rota pelo estreito, temerosos dos resultados da tensão, que a cada dia, escala mais. A situação tem obrigado as companhias a adotarem rotas mais longas, gerando preocupações adicionais às cadeias globais de fornecimento. Outra problemática que surge, é o efeito spillover – de transbordamento para outras tensões marítimas.

 

Mar do Sul da China 

Outra tensão, mais antiga, está concentrada no aludido Mar, que banha a China, Taiwan e inúmeros países asiáticos ribeirinhos. As águas internacionais são reconhecidas como importante fonte de petróleo. A China, no seu delírio imperial, quer ter o controle absoluto. Isso tem gerado uma tensão, já que grande parte dos países que estão ali, são aliados dos EUA. Mais da metade do comércio mundial precisa passar pelo Mar, principalmente utilizando o Estreito de Malaca. Taiwan também está no centro dessa tensão (com novo governo recentemente eleito – forte oposição aos comunistas chineses), com a temida anexação pela China. Os exercícios militares chineses têm se intensificado no entorno da ilha. Um conflito local seria destrutivo ao comércio global. Isso tudo sem contar com as tensões no Mar Negro, ao sul da Ucrânia e da Rússia, rota importante para o escoamento das commodities ucranianas, que abasteciam o mundo, hoje estando sob controle russo.

 

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