Toda a história da humanidade vem impregnada pela procura do mais íntimo relacionamento de todo o ser com o que seja ou se possa imaginar o criador supremo. Desde as eras mais remotas as sensações do poder vieram vinculadas à necessidade desta crença a partir das forças tateáveis da natureza. Vento, sol, chuva, trovões, mares, ou a amplidão do firmamento. O ser humano jamais se desprendeu de seu olhar sobre os movimentos terrestres, mas também concentrou atenção no mistério contido em montanhas de pedra, aparentemente imutáveis. E as crenças ou religiões que se formaram tiveram como primeiro impulso a assimilação de grupo, evidente a partir da era tribal. A prática de cooperação andou sempre colada à crença na divindade. No cerne da vivência, o princípio de qualquer compreensão, a dialética sobre tudo é permanente, embora minimizada por algumas correntes da filosofia. É assim que andou a humanidade buscando entre as gazas da mente em cada um o encontro com o que chamamos Deus.
O respeito
Hoje vivemos no mundo todo o recrudescimento do conflito que extrapola o limite natural dialético. A mente humana distorceu o rumo das diversidades de crença e religião. A instigação do que denominamos falsos profetas, fanatizou a forma de crer, acentuando o que seria mera diferença de entendimento para proliferação do ódio. O que deveria ser oportunidade de enriquecimento sobre o bem das crenças, passou a ser utilizado como instrumento oligárquico da prepotência. Então, fez-se o ódio! Este mesmo rancor, dissimulado nas ondas de progresso consumista, agride as bases da sobrevivência coletiva. Infelizmente é monstruosa e implacável a oficialização dos que se fazem donos materiais comandando artimanhas da barbárie manipulando falsos valores. Prova disso é a facilitação das guerras. No topo dessa manobra espúria de poder econômico está o alvo da discórdia entre as multidões aflitas que professam suas crenças. Quanto mais se fomenta o desrespeito às diferenças religiosas, mais se dividem os aflitos. Esse comando existe sim, e usa a estratégia das incompreensões para evitar que os desprotegidos se unam no desejo de obter a felicidade mínima, de viver em paz. São variadas as metodologias divisionistas. Uma delas impregnada na cultura colonialista brasileira, no terror da escravidão. As religiões afro professadas no Brasil, sem dúvida fortalecem a esperança de nosso povo em dias melhores. Cumprem papel de enriquecer o sentimento da comunidade nacional. Injustamente são atacados. Mas o som dos atabaques precisa continuar propagando a compreensão. E se Deus escolheu também essas religiões como forma diversificada de se manifestar, é hora de consideração e respeito.
Emendas
O governo federal anda às voltas com a definição do orçamento. Agora são as emendas das comissões. As inserções substitutivas, que o governo precisa vetar, nada mais são do que as famigeradas verbas do orçamento secreto, rejeitadas pelo STF. E lá são nove bilhões, na mira dos vetos do presidente. Semana tensa na definição orçamentária. Não é fácil apertar o cinto.
Gaiota
Nos momentos de apreensão e medo, numa cidade de São Paulo, as águas da enxurrada invadiram subitamente as ruas e casas. Não aparecida ninguém para ajudar. Veículos da Defesa Civil e da prefeitura estavam deslocados. As águas subiam e as famílias buscavam abrigo, fugindo da correnteza. A televisão mostrou a cena. Repentinamente no aguaceiro uma charrete, ou gaiota, como tantas, dos padeiros, leiteiros ou freteiros que trabalhavam em todas as cidades. Pois é. Foi a gaiota, puxada por um matungo, com dois bem dispostos condutores, que circulou pela cidade, recolhendo móveis e bens salvos da inundação. Até pessoas embarcaram na gaiota, para chegarem ao abrigo. Não é preciso comentar que a própria comunidade tem resolvido situações difíceis para flagelados. Também é evidente a demora e falta de atitude por quem tem o dever de prevenir e agir, é inexplicável.