A narrativa bíblica do assassinato de Abel, praticado pelo irmão Caim, inscreve marca dolorosa e inexplicável, injustificável, para a dramática violação humana, justamente contra a vida do semelhante. Este rompimento do afeto natural, preservado com maior respeito entre os animais ditos irracionais, torna nossos tempos modernos um cenário crescente de horror na convivência dos que dizemos seres evoluídos. E somos tomados de perplexidade ao vermos o noticiário informar que aumentam os casos de ódio contra pessoas de opção sexual diferenciada, por terem a cor da pele negra, por serem pobres inconformados, ou por motivos religiosos. Assustam as cifras de intolerância contra a visibilidade trans que mata pessoas em locais públicos. A lei do mais forte coloca mulheres em perigo constante vulgarizando a barbárie do feminicídio. Caim matou por inveja do irmão. E a inveja é abismo da mediocridade humana que se manifesta em prepotência absurda de quem se julga mais forte, embora desconheça o próprio caráter deteriorado. A inveja em sua vasta escala de frustração na personalidade é motora de agressões, desde as que parecem menores e sutis, até o assassinato. O machismo ou misoginia não podem ser reduzidos nas histórias ou contos folclóricos em tons que parecem humorados. O caráter perverso revela-se a terrível psicopatia da prepotência em relação à mulher em covardia perante o que alguém possa julgar maior fragilidade. Peço escusas pela minha falta de conhecimento nesta difícil ceara da psiquiatria, ou psicologia, mas falo da maldade dos que se julgam superiores nas relações humanas e se sentem aplaudidos na selvageria covarde. É comum vermos entre abusadores da integridade física ou psicológica, que ofende as mulheres, um falso status de virilidade.
Grito dos oprimidos
A reação das mulheres vítimas de estupro na região amazônica acende luz de esperança. O relato é emblemático de uma aflição exterminadora vitimando crianças e adultas indígenas. A maioria dos casos são crimes praticados sem pudor algum, por exploradores das terras dos nativos. O fato de virem a público em ato de coragem comovedora, denunciando as atrocidades, é oportunidade para a sociedade civil e religiosa unir forças para mudar. O programa de TV apresentou a dramática situação da geração de famílias indígenas afligidas. Esse grito tem uma dimensão efetiva. Muito forte a inserção dos depoimentos de mulheres que heroicamente denunciam esse horror. Na complementação da matéria o depoimento de mulheres consagradas no sucesso cultural e artístico, não indígenas. Do baque surdo dos abusos sexuais, essas mulheres sublimam a coragem de gritar pela dignidade humana.
Abin
A Agência Brasileira de Inteligência, Abin, é investigada por conta de desvios no uso de finalidade. A gestão de Alexandre Ramagem, teria cedido ao apelo do ex-presidente Bolsonaro, obliterando orientação deste órgão importante do estado brasileiro. Agora chegou a vez de investigação mais próxima à polêmica família bolsonarista. Carlos Bolsonaro, vereador no Rio, na mira da polícia Federal investigativa. É um cipoal incrível de narrativas sobre suposta espionagem com uso de organismo oficial. A busca de dados oficiais sobre materialidade do crime depende de comprovação com base nos meios virtuais. A organização que se instalou no governo passado alega perseguição. A Polícia Federal informa que investiga, colhe provas, cumprindo roteiro persecutório policial. Portanto, legal ou politicamente democrático. É emaranhado muito complicado, mas os sinais dos últimos tempos indicam que investigar é preciso, e preciso de precisão.
Grêmio
A saudade do mito Suarez, que se foi, não pode prejudicar a nova temporada gremista. Ele já cumpriu sua missão, e muito bem, deixando exemplo de garra e esplendorosa competência. A contratação de Soteldo já mostrou que a direção do Grêmio aprendeu com o Suarez. O cara é muito bom. O tricolor precisa deixar de chorar as pitangas, melhorar a condição física do time e pronto.