Para este ano são esperadas cerca de 40 eleições nacionais (isso representa mais da metade do PIB global), no mundo. Com isso, o cenário de incerteza se estabelece, gerando possíveis mudanças no panorama geopolítico e aprofundando crises já existentes. A arrancada deu-se em Taiwan, a ilha ambicionada por Pequim. Essa eleição foi um marcador geopolítico importante, em meio às tensões em escalada, com aumento dos exercícios militares chineses no entorno do país. Com a vitória do candidato contrário ao ímpeto comunista, a crise certamente vai se aprofundar, chegando até mesmo aos estreitos marítimos vitais para o comércio global e acirrando as relações (Guerra Fria) entre China e EUA. As eleições ocorrem em um mundo anárquico e com relativa fragmentação das cadeias globais de fornecimento e os seus resultados vão configurar a geopolítica para o resto da década, trazendo polarização, eventuais protecionismos, questões imigratórias etc.
EUA
Os americanos vivenciam uma política doméstica turbulenta, principalmente pela disputa entre o governo federal e o Texas, que advoga pela sua autonomia federativa. No plano externo, há a falência completa com o desastre de Biden, que perdeu o timão da potência líder e com capacidade dissuasória, abrindo uma cisão com a China, de forma direta. Neste cenário, Trump é favorito, com a esperança dos americanos em recuperar algum prestígio na política externa ou, ao menos, a mão firme de outrora. O resultado da eleição americana é um marcador essencial à geopolítica, alterando inclusive o cenário latino-americano.
Índia
As eleições na Índia ensaiam a reeleição do Primeiro Ministro Narendra Modi, em abril. A Índia passou a ser o país com maior população no mundo, passando a China e mira a ser uma importante potência regional e mundial. O país vem em ritmo de crescimento notável, sendo uma rota de preferência aos investimentos estrangeiros, que procuram relativamente desviar das incertezas chinesas. O nacionalismo de Modi também deverá dialogar com as liberalizações de alguns setores da economia.
Rússia
Na Rússia, as eleições são, praticamente, um arranjo político criado por Putin, para se perpetuar no poder. Todos os seus potenciais opositores tiveram as suas candidaturas demovidas pela Suprema Corte, por razões incertas. No mínimo, Putin terá mais dois mandatos pela frente. A guerra é uma questão de pressão da sociedade, uma vez que é altamente custosa e sem qualquer resultado, demonstrando a fragilidade russa, alvo do revide ucraniano. Putin está isolado. Resta permanecer no eixo autocrático, que busca desestabilizar o Ocidente, por diferentes iniciativas.
Reino Unido
O cenário na Europa será profundamente impactado. A eleição em destaque certamente será a do Reino Unido, prevista para o segundo semestre. Desde que deixou a UE, os conservadores somam três primeiros-ministros, com Sunak no poder. Os trabalhistas tentam abrir caminho. A eleição tem impacto significativo à política externa, uma área conflituosa entre conservadores e trabalhistas. A grande discussão, nesse sentido, é a saída do Reino Unido da UE (o Brexit) e os impactos que se observam diariamente. Os conservadores precisarão de uma estratégia, enquanto os trabalhistas tentam retomar a maioria no parlamento.