OPINIÃO

Fatos e fotos da nossa história

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Conforme o jornal passo-fundense O Nacional, no final da tarde do dia 5 de fevereiro de 1979, o jovem Clodoaldo Teixeira, de 17 anos, que atuava profissionalmente em uma oficina mecânica da área central da cidade de Passo Fundo, RS, dirigia-se para sua casa após o fim do expediente, em sua motocicleta. Ainda no Centro, foi barrado por uma patrulha da Brigada Militar (BM)4, para a qual não parou, pondo-se em fuga a fim de despistá-la, uma vez que não possuía carteira de habilitação, em função de sua menoridade. A perseguição policial ao rapaz teve início com os patrulheiros o seguindo em alta velocidade até sua casa, na Vila Annes. Já próximo de sua residência, Clodoaldo foi atingido pelas costas por um disparo de arma de fogo efetuado por um dos 2 Ver mais no site do Arquivo Nacional, disponível em: http://www.arquivonacional.gov.br. Acesso em: 1 fev. 2019.3 Neste artigo, optou-se pelo emprego do termo ditadura militar, para se referir ao regime de exceção implantado no Brasil entre 1964 e 1985. Há, conforme o historiador Demian Bezerra de Melo (2012), desde o decorrer dos anos 2000, uma tendência de alguns historiadores em denominar o período como “ditadura civil-militar”, como forma de enfatizar a participação de civis no processo. Melo (2012) acredita que o uso do termo está deslocado em sua concepção original, proposta por René Armand Dreifuss, uma vez que superestima o papel dos “civis” frente ao comando do País exercido por militares, distribuindo culpas em uma tentativa de revisionismo histórico.4 Instituição equivalente no Rio Grande do Sul à Polícia Militar no resto do Brasil.policiais. A vítima foi socorrida por seu pai, Nelson Teixeira, enquanto, segundo a reportagem de O Nacional, os policiais se afastavam rapidamente do local. Clodoaldo faleceu antes mesmo de receber atendimento médico no Hospital da Cidade (TIRO..., 1979, p. 1).A narrativa do jornal O Nacional assumia tons de aberta denúncia dos fatos ocorridos, destacando e nomeando atores envolvidos naquela ocorrência policial. A patrulha da BM era constituída pelos policiais militares Clóvis Amaral Raiter e Jacinto Xavier Chaves e pelo cabo José Valmor da Silva, tendo esse último efetuado o disparo que vitimou fatalmente Clodoaldo. O motivo da perseguição policial teria sido o excesso de velocidade do jovem e de outros motoqueiros naquele dia. Contudo, apenas Clodoaldo foi perseguido e baleado.Segundo Almeida (2006), notícias correram pela cidade ainda na noite e madrugada daquele dia, repercutindo em razão da brutalidade do ato policial, bem como pela indignação causada na população em geral pelo mesmo. A comoção se fez sentir ainda maior no dia posterior, quando do velório de Clodoaldo, realizado em sua casa e, posteriormente, com seu enterro, no Cemitério do Bairro Petrópolis, que, de acordo com O Nacional, chegou a reunir milhares de pessoas, de forma que comoção parecida só havia sido vista, “em 1954 quando morreu Getúlio Vargas” (COMOÇÃO..., 1979, p. 2). Os manifestos se deram principalmente por meio de integrantes do Passo Fundo Moto Clube, amigos da vítima, uma vez que Clodoaldo foi morto na condição de motociclista. Dada a proeminência da imagem destas pessoas, os atos de protesto ficaram conhecidos como Revolta dos Motoqueiros, denominação posteriormente atribuída aos fatos ocorridos. As manifestações em torno do caso, na cidade, logo tornar-se-iam alvo da vigilância e intervenção governamental. De acordo com documentação

Alex Antônio Vanin • Roberto BiluczykA contestação sobre rodas3/10gerada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), por meio da Agência de Porto Alegre (APA), instalava-se naquele fevereiro de 1979 em Passo Fundo um caso de “perturbação da ordem pública”.

 

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