OPINIÃO

Teclando - 14/02/2024

O Carnaval nosso de cada dia

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O Carnaval nosso de cada dia

Todo ano é sempre igual. Ou, já que não podem ser idênticos, são semelhantes. Sim, todo ano tem Carnaval. E não é apenas a terça-feira gorda, pois a folia começa na sexta-feira. Uma festa nos clubes e nas avenidas do Brasil e também do exterior. Festa pagã ou cristã, é a hora para soltar o grito de alegria numa válvula de escape coletiva. Da carne veio a expressão Carnaval e os corpos quase despidos dão o grito de liberdade. São dias, literalmente, coloridos para fantasiar desejos e viver com muita alegria. Na prática, o magnânimo Carnaval envolve muitos meses de preparativos.

O mundo fica de olho no Sambódromo, aquela obra de Brizola e Darcy Ribeiro, que movimenta muito dinheiro e faz decolar a economia do Rio de Janeiro. Ano após ano, os carros alegóricos são sempre destaque: quando não enroscam nos fios, empacam no desfile ou incendeiam. No embalo da badalação não falta a celebração das pseudocelebridades. É a vitrine do ano que pode render muito. Certamente, é por isso que a mercadoria fica bem exposta. Aqui no Planalto Médio, que já teve samba com passos de xote, o Carnaval mudou muito. Lembro de salões bombando simultaneamente nos clubes Comercial, Caixeiral, Juvenil, Industrial, Vera Cruz, Visconde do Rio Branco, Garotos da Batucada, Batutas, Subtenentes etc.

Agora, diminuíram as voltas nos salões e a festa ganhou novos formatos. Temos Carnaval Popular na Gare, infantil nos clubes ou a megafesta na Arena Comercial, enquanto o desfile de rua ficou para março. Teve Bloquito no Rito, festas de blocos e o concurso de fantasias no Batatas. Mudou muito, mas não deixou de ser uma grande festa. Não importa o molde, foi mais um Carnaval. O que não muda jamais é que tudo termina na Quarta-feira de Cinzas. O brilho colorido desaparece e resulta um tom cinza de tristeza.

Confete

Os novos, antigos ou eternos candidatos a vereador também agitaram no Carnaval, uma excelente oportunidade para colocar o bloco da candidatura na rua. Até porque onde tem gente, tem voto. Não usavam máscaras, pois o largo sorriso era a própria fantasia. Alguns mais discretos, outros até ridículos. Cumprimentos, apertos de mão, tapinhas nas costas, sorrisos, além de sorrisos e mais sorrisos. Boa parte dos pretensos candidatos destoava nos ambientes, pois enquanto a galera vivia a festa eles estavam com a cabeça enfiada nas urnas. Teve um que atirava punhadinhos de confete como quem joga polenta para cachorro. Literalmente, não é do ramo e perdeu eventuais votos. Ora, ninguém vota num idiota que atira confete na sua boca, não é mesmo?

Serpentina

E as candidaturas para prefeito? Bom, aí já não é mais confete. É serpentina voando pelo salão para abraçar em grupo. O cenário sempre é dinâmico, mas não faltam indicativos e probabilidades. Os olhares convergem para uma vaga de candidato a vice, além de outros nomes para cabeças de chapa. Mais do que nomes, no salão está em jogo a aproximação dos blocos. Sim, das possíveis, admissíveis e até mesmo surpreendentes coligações surgirão os enredos das eleições municipais. Aí, sim, o samba entra na passarela. Um desfile que começa com os candidatos como destaque, mas as fantasias que apresentarem podem encantar ou decepcionar. Eleição não é Carnaval, mas também é uma festa popular. A festa da democracia.

Na Avenida

Aqui na Avenida Brasil, outrora a nossa Passarela do Samba, agora mais parece vitrine de loja de automóveis. Alguns veículos permanecem horas e horas no mesmo local. E, desta vez, não são carros-alegóricos empacados. São veículos de comerciários que, inexplicavelmente, estacionam em frente ao local de trabalho. Dia desses, uma SUV permaneceu das 09 às 19 horas estática na mesmíssima vaga. Ah, é claro, de acordo com a ampla e visível sinalização, ali é Área Azul. E na Área Azul o limite de permanência é de duas horas! Interessante lembrar que a proposta de rotatividade partiu do comércio lojista. E agora?

Lança-perfume

Nos últimos dias, o mau cheiro da pastelaria aqui embaixo até amenizou um pouco. Mas, oscilando em altos e baixos, quando reaparece ainda causa náuseas. Até quando?

Nota 100

Pela nossa apuração, faltam 490 dias para o Centenário de O Nacional.

Samba-enredo

Em fevereiro de 1964, o Império Serrano ficou na terceira colocação no Carnaval do Rio. Mas o samba-enredo de Silas de Oliveira garantiu pódio entre os melhores de todos os tempos. Martinho da Vila - Aquarela Brasileira


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