OPINIÃO

ADAM SMITH E O SISTEMA DA LIBERDADE NATURAL (3)

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Interesse próprio

O argumento fundamental de Adam Smith é de que a sociedade prospera quando as pessoas têm liberdade para buscar satisfazer seus próprios interesses. Faça o que é melhor para você e, no fim, mais pessoas se beneficiarão. Nós recebemos o pão do padeiro não porque os padeiros sejam pessoas boas e amáveis. Alguns são, outros não. Isso na verdade não importa. O que importa é que você consegue o pão porque os padeiros perseguem seus próprios interesses ao vender o pão para ganhar dinheiro. Por sua vez, os padeiros ganham a vida porque você persegue seu próprio interesse ao comprar pão. Você não se importa com o padeiro, e o padeiro não se importa com você.

 

Uma mão invisível

“Ninguém diz ao padeiro quantos pães assar, aos cervejeiros que tipo de cerveja fabricar. Eles decidem por si mesmos com base no que acreditam que dará dinheiro. A sociedade funciona bem assim. É como se precisasse haver a mão de um técnico organizando as coisas, mas quando você tenta encontrá-la, ela não está lá. Para descrever a situação, Smith criou um dos termos mais famosos em economia. Ele disse que é como se a sociedade fosse conduzida por uma “mão invisível”. (Niall Kishtainy, Uma breve história da economia)

 

Comportamento virtuoso: a contenção do egoísmo

Smith percebeu muito bem que o sistema da liberdade natural (sociedade comercial) exigia que as pessoas desenvolvessem um senso do certo e do errado. Se as pessoas fossem egoístas o tempo todo, se os padeiros mentissem sobre o peso do pão e os cervejeiros diluíssem a cerveja, o resultado seria o caos. O simples egoísmo, as rivalidades, os interesses opostos e as paixões são limitadas pelos sentimentos morais. O comportamento virtuoso é necessário para merecermos a aprovação e o amor de nossos semelhantes. “Por mais egoísta que pareça qualquer homem, em sua natureza, há, evidentemente, alguns princípios que o fazem interessar-se pelos demais e que a felicidade deles seja necessária para si mesmo, ainda que não obtenha senão o prazer de contemplá-la.” Os sentimentos morais preparam os indivíduos para a vida em sociedade. “Se os homens não desejassem a simpatia dos demais, e se tampouco respondessem ao impulso de simpatizar com eles, não haveria moral nem sociedade.”

 

Visão positiva

Segundo Mario Vargas Llosa, no livro O Chamado da Tribo, Smith tem uma visão positiva e otimista do homem e da sociedade, pois ele acredita que, em que pese todos os horrores que se cometem, a bondade prevalece sobre a maldade graças aos sentimentos morais. Sentir muito pelos outros e pouco por si; conter o egoísmo e exercitar os afetos benevolentes constituiriam, para Adam Smith, a perfeição da natureza humana.

 

A importância da obra de Adam Smith

Smith demostrou que o principal motor do progresso é o mercado livre. “Um mecanismo não inventado por ninguém ao qual a humanidade foi chegando graças ao comércio. Esse intercambio contínuo produziu a divisão do trabalho e o surgimento do mercado, sistema distribuidor de recursos ao qual, sem pretendê-lo nem sequer sabendo, todos os membros da sociedade – vendedores, compradores e produtores – contribuem, fazendo progredir a prosperidade geral.

(...) O mercado livre pressupõe a existência da propriedade privada, a igualdade dos cidadãos perante a lei, a rejeição dos privilégios e a divisão do trabalho. Ninguém antes de Adam Smith tinha explicado com tanta precisão e lucidez esse sistema autossuficiente que faz progredir as nações, processo no qual a liberdade é essencial, nem ninguém explicou de maneira tão eloquente que a liberdade econômica sustenta e impulsiona todas as outras.”

(Mario V. Llosa, La Llamada de la Tribu)

Gostou? Compartilhe