OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Política externa em declínio

 

O ditador venezuelano marcou as “eleições” do país para o dia 28 de julho, data alusiva ao aniversário de Hugo Chávez. Desde o Acordo de Barbados, do ano passado, onde se buscava algum compromisso para a participação da oposição no pleito eleitoral, rompido por Maduro, um grande teatro farsesco se anunciava. Somente neste ano, já foram presos mais de 36 opositores ao regime de Maduro, com destaque em fevereiro, com a prisão de Rocío San Miguel, opositora potencial. Maria Corina Machado, após ter vencido as prévias com apoio de 90%, teve a sua candidatura inabilitada pelo Supremo Tribunal Constitucional da Venezuela, pelas razões mais criativas. Mesmo método utilizado por Putin, que removeu do pleito os seus principais opositores, por motivos criados pela própria intelligentsia, restando ainda o seu maior opositor, morto em uma prisão na Sibéria (também por motivos criados pela propaganda soviética). Recentemente, Maduro cortou o sinal da DW, agência pública de notícias da Alemanha. A decisão veio após a agência ter apontado o envolvimento de políticos do alto escalão venezuelanos com o Cartel de los Soles, responsável pelo tráfico internacional de drogas.

 

A cena essequiba

 

Uma das formas que Maduro achou para se beneficiar em seu teatro farsesco eleitoral foi a de trazer a questão histórica da região da Guiana Essequiba, uma matéria que desperta o nacionalismo nos venezuelanos, entre situação e oposição. Maduro tem alimentado a narrativa de uma possível guerra contra a Guiana, algo que seria essencialmente ilógico. O interesse do ditador é eleitoreiro e também o de provocar uma possível mediação chinesa, para agradar os seus aliados. Enquanto isso, a política externa de Lula não condenou a narrativa de Maduro e demonstrou, recentemente, o seu otimismo com as “eleições” na Venezuela.

 

Política Externa

 

Nesta esteira, Lula, Amorim e tutti quanti, colocam a política externa brasileira em uma verdadeira humilhação internacional. Como sabemos, a política externa do atual governo está alinhada aos interesses das principais ditaduras, no mundo – da América Latina à Rússia, demonstra a sua subserviência ao eixo autocrático, cujo objetivo tem sido o de promover o caos no Ocidente. Como disse, Lula é apenas um peão neste tabuleiro geopolítico das autocracias. Recentemente, a diplomacia recebeu o chanceler russo, Lavrov, mais uma vez (a primeira sob aplausos). Celso Amorim fez questão de ir visitar Maduro, sem qualquer pauta relevante, apenas para apertar a mão do ditador. O fez também com Putin (sem sequer imaginar de passar pela Ucrânia).

 

Inversão de narrativa

 

A última investida do eixo autocrático, em que Lula também serviu como peão, foi a tentativa de se inverter a narrativa do que se desenha no Oriente Médio. Provocada pelas autocracias, a África do Sul entrou com proposição na Corte Internacional de Justiça, alegando que Israel adota uma abordagem genocida. Desconsiderando o fato de que o Hamas utiliza os seus próprios nacionais como escudo de guerra, ou seja, essencialmente os genocidas. Lula tem sido um dos porta-vozes do eixo autocrático. Logo, demonstrar o seu otimismo com as “eleições” venezuelanas, não é nenhuma surpresa, se não, o alinhamento com as ditaduras mais deprimentes no mundo, ao mesmo tempo em que coloca a política externa brasileira em uma humilhação. 

 


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