OPINIÃO

LUZ NA CAVERNA Os livros iluminam nossa caverna e diminuem nossa cegueira.

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Experiências históricas comunistas e a Coruja de Minerva

           Disse, num texto anterior, que o estudante e o pesquisador da história não têm um laboratório experimental como tem o físico, o químico e o biólogo. O passado é o laboratório do historiador. Para testar se o que Adam Smith chamou de “o sistema da liberdade natural” funciona no mundo real, vejamos algumas experiências históricas emblemáticas. Não faltam casos históricos a serem examinados no laboratório da história, ou seja, no passado. A Coruja de Minerva já alçou voo, portanto podemos testar essas experiências.

 

A sociedade industrial de tipo soviético (Raymond Aron)

           No final de 1917, uma elite política marxista tomou o poder político na Rússia. “O sistema da liberdade natural” foi rejeitado. Adotou-se uma economia socialista ou comunista. Na experiência soviética não existe o que Adam Smith chamou de “mão invisível”. Nela, o governo é que decide o que deve ser produzido e como a riqueza nacional deve ser repartida. Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Alemanha Oriental e todo o leste da Europa caíram sob o domínio de governantes comunistas. Mais tarde outros países adotaram o regime de tipo soviético (comunismo), a exemplo da China, Coreia do Norte, Cuba e Vietnã. Como veremos, e tal como teria previsto Adam Smith, todas essas experiências se revelaram fracassadas e trágicas.

 

Socialismo comunista – abolição da economia racional (Ludwig Von Mises)

           Niall Kishtainy, no livro “Uma breve história da economia”, cita um exemplo da irracionalidade da economia comunista. Na União Soviética (Rússia Comunista 1917-1991), uma fábrica que produzia equipamentos de escavação parou de entregar máquinas às minas de carvão que precisavam desesperadamente delas. Um inspetor visitou a fábrica e ficou intrigado ao encontrá-la cheia de máquinas semiacabadas. O diretor da fábrica explicou que tinha recebido ordens para pintar as máquinas com verniz vermelho. No entanto, o estoque de tintas da fábrica só tinha verniz verde. Se ele entregasse as máquinas na cor errada poderia ser mandado para prisão. Portanto, ele achou melhor deixar as máquinas inacabadas do que correr o risco de parar no xilindró. O problema só foi resolvido depois do inspetor pediu às autoridades permissão para que as máquinas fossem pintadas de verde.

 

Fim dos regimes comunistas de tipo soviético

           Não se trata de uma questão de opinião, mas de um fato histórico: nenhuma das dezenas de experiências comunista deram certo. Rússia, Polônia, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Hungria, Alemanha Oriental, etc. construíram regimes políticos totalitários, nos quais as liberdades civis foram totalmente esmagadas. E um terrível preço em vidas humanas foi cobrado. E todos faliram por sua total inoperância interna. Não houve nenhuma invasão das forças armadas da OTAN. Outros países de regimes comunistas para não sucumbirem, como os europeus, adotaram economias de mercado, como são os casos da China e do Vietnã. O universo comunista desfez-se a si mesmo.

 

O comunismo desapareceu numa espécie de nada

           O historiador François Furet, no livro O passado de uma ilusão, diz que os regimes comunistas na Rússia e na Europa “desapareceram numa espécie de nada”. Para Joachim Fest o que restou das utopias comunistas “é pouco mais que uma infindável trilha de horror, que se gravou em nossas mentes como uma experiência traumática”.

Tony Judt, em suas Reflexões sobre um século esquecido, escreveu que setenta anos de comunismo em nada contribuíram para o bem conjunto da humanidade”. Karl Popper lembra um velho provérbio: “os que nos prometem o paraíso na Terra nunca produziram nada além de um inferno”. O grande cientista e humanista, Bertrand Russel, disse, ainda em 1920, que o comunismo era “um regime detestado como tirania na Rússia, mas esperado como libertação fora da Rússia. Um fracasso como realidade, duplicado por um sucesso como crença.”

 


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