As “eleições” na Rússia transcorreram adstritamente aos métodos soviéticos. Putin tirou de seu caminho os oponentes mais fortes. Na eleição participaram, ainda, três figurantes de oposição, que nunca sequer criticaram o governo. A questão é que Putin sai fortalecido e a economia da Rússia se mantém mesmo com as sanções econômicas do Ocidente. Logo após a vitória, em discurso, salientou que o possível envio de tropas da França ou da OTAN à Ucrânia, despertaria a III Guerra Mundial. Zelensky acaba de receber a primeira remessa em ajuda militar advinda da União Europeia, cerca de 4,5 bilhões de euros. Assim, podemos trazer alguns cenários para esse complexo conflito:
Guerra de Atrito restrita à Ucrânia
Aqui permanece a guerra de atrito, altamente custosa e sem vencedores. Esse cenário restringe-se ao território ucraniano e sem desdobramentos regionais. A ajuda militar do Ocidente começa a diminuir, concentrando-se mais no apoio da UE. Zelensky tem um longo caminho, até onde suportar o seu exército e, principalmente, munições. A Rússia produz 3X mais munições de artilharia do que EUA e UE, juntos. Os ataques de drones ucranianos miram o mar e a terra. As refinarias são importantes alvos, para tentar debelar a venda de petróleo da Rússia. Nessa conjuntura, fica remota a participação do Ocidente e da OTAN.
Riscos de ruptura regional
Nesse cenário, o conflito na Ucrânia teria potencial de evoluir ao leste europeu e, notadamente, com os países fronteiriços. A recente adesão da Suécia à OTAN reforçou o discurso de Putin. Há uma potencial ameaça de que a expansão territorial de Putin busque outros caminhos além da Ucrânia. Se países da região pudessem se envolver na guerra, a ingerência ocidental restaria ainda como uma incógnita, podendo centrar-se na continuidade de ajudas militares, agora com contornos regionais.
Envolvimento das potências europeias
Depois do discurso aventureiro de Macron, onde afirmou que poderia enviar tropas francesas ou da OTAN à Ucrânia, a tensão escalou significativamente. Aqui a Europa deve fazer um cálculo mais racional do que político, se realmente valeria a pena adentrar em uma guerra contra a Rússia.
Guerra Geral e ameaça nuclear
Esse cenário é o mais apocalíptico. Todo o Ocidente estaria mergulhado em um conflito global, com o retorno da ameaça nuclear, em contornos mais severos do que na Guerra Fria. Novas tecnologias seriam testadas, principalmente a dos mísseis hipersônicos. Também seria possível a inexistência de campos de batalha, reinando a prontidão nuclear e a dissuasão (destruição mútua assegurada).
Armistício e paz
Terminar um conflito é muito mais desafiador do que iniciá-lo. Nessa possibilidade relativamente distante, Zelensky e Putin chegariam a um acordo de paz. Isso muito provavelmente envolveria a entrega da região de Donbass aos russos e a retirada completa do exército de Putin da Ucrânia. A futura adesão da Ucrânia à União Europeia e a própria OTAN, restaria em um cenário delicado. Atualmente, nem Putin, nem Zelensky estão inclinados a concessões. Para um acordo de paz, seria necessária uma mediação diplomática, podendo envolver os EUA e a própria China (parceira sem limites da Rússia), colocando um fim nessa guerra que já se prolonga por mais de dois anos. A eventual vitória de Trump poderia trazer algumas mudanças no tabuleiro geopolítico.