CHINA (1)
China – regime político comunista com economia capitalista.
A China é um notável exemplo do poder que tem “o sistema da liberdade natural” de gerar riqueza e prosperidade para uma nação. Essa expressão foi usada por Adam Smith no século 18. Em termos atuais, ela significa “economia de mercado”, “sistema de livre empresa” ou “capitalismo”. Por uma dessas curiosas ironias da história, um regime comunista adota o capitalismo como forma de desenvolver sua economia, manter os governantes no poder e garantir a unidade nacional. E de uma forma extraordinária. A China está próxima de se tornar a maior potência econômica do planeta.
Uma história ignorada
Atualmente, face ao extraordinário desenvolvimento econômico, científico e tecnológico desencadeado pelas reformas propostas ao final da década de 1970, liderada por Deng Xiaoping, governante de rara visão, o interesse pela história dessa civilização milenar tem aumentado. Como todos sabem, a China inundou o mundo de seus produtos. Essa civilização tem seus antecedentes perdidos no tempo. De acordo com o abade viajante Régis-Evarist Huc (1813-1860), citado por Henry Kissinger, no livro “Sobre a China”, a história chinesa se origina numa antiguidade tão remota que é difícil descobrir seu início.
E nesse passado tão distante a civilização chinesa viveu inúmeros períodos de guerra civil, interregnos e caos. Sem compreender essa atribulada história milenar é difícil entender a China de hoje. A escritora chinesa Xinran Xue, autora de vários best-sellers sobre a vida na China, diz que os chineses, quando viajam ao exterior, ficam surpresos com o desconhecimento das pessoas sobre seu país.
Auge, decadência e humilhação
A China atingiu seu auge no século 18. O século 19 foi de decadência e humilhação. Em 1842, foi derrotada pelos britânicos na Primeira Guerra do Ópio. Em seguida foi abalada pelos dezessete anos da Rebelião Taiping, terrível guerra civil na qual vinte milhões de pessoas morreram. Nessa mesma época as potências europeias estabeleceram portos e enclaves em todo o litoral da China e começaram a minar os antigos valores do império. Uma breve recuperação foi interrompida pela humilhação na Guerra Sino-japonesa em 1894.
O infame período de humilhações
No início do século XX parecia que a China poderia ser desmembrada como havia ocorrido em outras partes do mundo. Em maio de 1900, as forças dos Oito Poderes - França, Grã-Bretanha, Estados Unidos, Japão, Rússia, Alemanha, Áustria-Hungria e Itália - ocuparam Pequim, e o local sagrado do Templo do Céu foi transformado na base de comando temporária da aliança. O Templo e o Grande Altar foram profanados; os edifícios desfigurados; os jardins, pisoteados; e os ciprestes, derrubados para servir de lenha.
(...) A partir de então, os choques vieram um atrás do outro. A Revolução de 1911 botou fim ao império depois de mais de dois mil anos e fundou de uma breve república. Marcado por levantes de camponeses, pela invasão japonesa, pela guerra civil e pela revolução comunista, o século XX foi um período de traumas para a China, levando às catástrofes da Grande Fome e da Revolução Cultural na década de 1960. Nenhum país passou por tanto nos tempos modernos
(Michael Wood, História da China)
Estão mordicando nosso país como um bicho-da-seda
O príncipe Kong disse que as potências estavam mordiscando seu país “como um bicho-da-seda.” (...) A Inglaterra, escreveu ele, tem como único propósito o comércio, “mas ela age com violência, sem consideração pela decência humana”.
As potências imperialistas ocidentais impuseram os chamados “tratados infames”. Arrancaram nacos do território chinês, como o caso de Hong Kong. Esse século de humilhações terminou com a reunificação do país sob uma forma de comunismo nacionalista.
Numa carta enviada ao presidente americano, George Bush, em 1990, líderes chineses diziam: “Por mais de um século, o povo chinês tem sido submetido à intimidação e à humilhação por parte de potências estrangeiras. Não queremos ver essa ferida sendo reaberta.”
(Henry Kissinger, Sobre a China)