OPINIÃO

O Papa em prece pela paz

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O Papa Francisco percorria os corredores da Catedral de Roma, depois de celebrar o cerimonial do Lava-pés, em cadeira de roda, ou com ajuda da belgala, que lhe equilibrava os passos. Sob fortes dores não conseguiu visitar as estações da via sacra que relembram dores e estertores da morte cruel de Cristo. Seu andar escasso, desfeito em dores pelo corpo não reduziram o ardor da fé, angústia e esperança de paz, num momento de maior atrocidade das guerras. Assim, alquebrado pela dor e fragilidade que lhe impõe a idade, mira a luz de sua crença, rogando a Deus e aos homens a lucidez da paz, o fim das guerras insanas e de todos os ódios. Francisco sobrevive ser temer o que possa sofrer, mas o tormento da injustiça social entre os povos mais oprimidos mostra que pede com todas as suas forças ao criador de que é delegado na terra, a paz e dignidade de vida que falta à multidão onde cresce a morte. É sua missão de pontífice, enfrentando o suplício imposto ao ser humano, rogando com humildade por imediato momento de paz. As tempestades, o calor excessivo, falta de chuva, apresentam dificuldades que nos abatem, mas sempre há força desta mesma natureza para uma ressurreição. Os apelos do Papa pedem ajuda e cooperação das mulheres e homens para salvar as crianças, principalmente na faixa de Gaza e grandes regiões da África. O próprio Cristo, na sua condição humana, bradou ao Pai que não abandonasse sua causa que lhe impunha tanto sofrimento: “Eli, Eli, Lamma sabachtani?”, cuja versão tornou-se o mais célebre epizeuxe da língua portuguesa “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Marcos,15:34). E Francisco está entregando sua vida a Deus e aos homens, pela paz e justiça social.

 

Caso Marielle

É impressionante a desfaçatez de lideranças ligadas às milícias que tentam ludibriar o entendimento popular sobre os resultados da investigação da Polícia Federal, que aponta os mandantes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Chiquinho e Domingos da família Brazão comandaram estrutura de poder aos moldes da máfia italiana, angariando favoritismo político no poder público e eliminando oposições aos interesses escusos. Aí está uma questão que amplia a gravidade do estado criminoso com o braço miliciano. Quem andou de braços dados com os mandantes do assassinato de Marielle? Isso e as amarras, dentro e fora do Rio de Janeiro, com enriquecimento veloz da estrutura criminosa? A polícia Federal segue investigando ainda em sigilo. Nestas alturas, os imersos na estrutura de comando político de mãos dadas com protagonistas da tentativa do golpe contra a nação democrática agravam o cenário nas apurações. Não é por menos que deputados de extrema direita erguem um muro de contenção com pedido de vistas ao procedimento que visa autorizar a prisão preventiva do deputado Chiquinho Brazão. O que está posto é escandaloso e se algo mais grave for revelado será potencializado o estrondoso escândalo.

 

31 de março

Essa estrutura que manteve a ditadura militar de 64, durante tantos anos, não foi debelada totalmente. A avidez dos remanescentes do golpe infame ressurgiu com as ações criminosas contra a democracia em oito de janeiro. As principais lideranças do atentado, seus mentores, durante o exercício do poder político, e depois de perderem as eleições democráticas presidenciais, não foram presos ainda na sua totalidade. É situação grave. O bolsonarismo persiste em dizer-se vítima de perseguição. São alegações de defesa, na ausência de razões mais sérias. Atacam o poder judiciário, sem considerar que é o STF que lhes garante os direitos sonegados a tantas pessoas de bem condenadas ou mortas na ditadura. Essa ditadura e sua perversidade que querem de volta. Vamos defender a democracia, a ditadura já feriu demais nossa pátria e nossas famílias. 


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