OPINIÃO

Tomé

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A Igreja convidou os féis preparar a celebração da Páscoa nos 40 dias da quaresma. Agora nos oferece mais um tempo de graça, o Tempo Pascal, para acolher e assimilar o Mistério Pascal. A normativa litúrgica, diz: “Os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição e o domingo de Pentecostes sejam celebrados com alegria e exultação, como se fossem um só dia de festa, ou melhor, “como um grande domingo”. É principalmente nesses dias que se cante Aleluia” (Ano Litúrgico, n.22), pela vitória do Senhor sobre a morte e pela vida nova que a participação no mistério pascal faz germinar nos fiéis. Não é por acaso que os domingos desse período não se chamam domingos “depois da Páscoa”, mas sim domingos “da Páscoa”. 

O tempo pascal é essencialmente um encontro com Senhor ressuscitado. Ele vive além do tempo e do espaço, mas torna-se realmente presente no meio da comunidade, fala-nos nas Escrituras e se doa na Eucaristia. Através destes sinais nós vivemos a mesma experiência dos discípulos, isto é, o fato de ver Jesus e ao mesmo tempo de não o reconhecer; de tocar o seu Corpo, um corpo verdadeiro, e contudo livre de vínculos terrenos.

O segundo domingo da Páscoa narra dois encontros de Jesus ressuscitado com os discípulos (Jo 20,19-31). O primeiro acontece no dia da ressurreição, sem a presença de Tomé; o segundo, oito dias depois, com a presença dele. Dois encontros que mudaram a vida dos discípulos. As dúvidas de Tomé e as suas perguntas são valiosas para compreender o amadurecimento da fé de Tomé e são úteis para os que virão a “crer sem terem visto”. 

No primeiro encontro Jesus oferece dois dons, melhor, confirma dois dons que acompanham toda missão, a paz e o Espírito Santo. A paz é fruto da reconciliação entre o céu e a terra, entre Deus e o homem, graças à obra salvadora de Jesus na cruz. O Espírito Santo é o dom necessário para a missão que será confiada aos discípulos de restabelecer o equilíbrio, a harmonia e a serenidade pelo perdão dos pecados.

O segundo encontro tem a presença de Tomé. Depois de ter ouvido o testemunho dos outros discípulos sobre Jesus ressuscitado, Tomé manifestou a sua dificuldade de crer. Além de ver o Cristo ressuscitado queria ver e tocar os novos sinais de Jesus, as mãos marcadas pelos pregos e o lado aberto pela lança. Jesus aceita o desejo de Tomé e permite, além de vê-lo, tocá-lo. Deste encontro envolvente, Tomé faz uma solene profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus!”

Na incredulidade inicial de Tomé estão representadas as pessoas que buscam sinais para crerem. Os que lhe são oferecidos não se apresentam como suficientes. Também é muito válida a atitude de Tomé de procurar e não se acomodar. “O caso do Apóstolo Tomé é importante para nós pelo menos por três motivos: primeiro, porque nos conforta nas nossas inseguranças; segundo porque nos demonstra que qualquer dúvida pode levar a um êxito luminoso além de qualquer incerteza; e por fim, porque as palavras dirigidas a ele por Jesus nos recordam o verdadeiro sentido da fé madura e nos encorajam a prosseguir, apesar das dificuldades, pelo nosso caminho de adesão a Ele” (Bento XVI).

O tempo pascal faz celebrar “com alegria e exultação” o “grande domingo”; também exorta a reconhecer o Ressuscitado que está no meio de nós (cf. Jo, 20,19-29). É, portanto, uma mensagem para fortalecer a esperança, tão necessária para viver o tempo presente.

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