OPINIÃO

Comunicação e saúde

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Nísia Verônica Trindade de Lima é a primeira mulher a assumir a titularidade do Ministério da Saúde. Cientista social e socióloga, guarda perfil técnico e de atitude consequente numa pasta da maior sensibilidade social. Não é conhecida pela presença nos palanques políticos, embora sua orientação social, humana, seja de especiosa definição voltada aos mais necessitados de atenção pela sobrevivência: a saúde! O quadro deixado pela gestão Bolsonaro é escancaradamente grave e relapso em se tratando de política pública essencial e básica. A crise mundial da pandemia da Covid foi tratada em desatino irresponsável. A ação de meses e anos em cenas deploráveis de negacionismo, mesmo que envolvesse a tardia verba orçamentária, causou danos irreparáveis ao esforço da ciência médica, no momento em que era mais urgente o apoio logístico, acreditar na ciência, em vez de atrapalhar o socorro no contexto da saúde. As falas públicas do principal agente político de governo bolsonarista, foram trágicas aparições, sinistras e sínicas contra a vida, zombando do funeral que abalava o povo. E assim foram mais de 700 mil mortes, mesmo com as ações heroicas de socorristas em todos os quadrantes do Brasil. Muitos profissionais da saúde deram suas vidas na arriscada missão de atendimento às vítimas da pandemia. Esta é a triste memória que precisa ser avaliada quando a nova ministra assume o compromisso de redimir o caos na consciência nacional. A transição desta orgia desumana, para uma gestão solidária aos atingidos pela covid e epidemias, é muito difícil. Assim, os novos desafios, como epidemia da dengue e escandalosa mortalidade dos Yanomamis, além das sequelas da própria pandemia, é tarefa difícil. Compreende dever inadiável de estado. Neste sentido parece haver pressa inadequada de setores, inclusive do próprio governo, na transformação redentora. Inúmeras iniciativas foram tomadas, com a sabedoria competência da ministra Nísia. Ela atua com sua fleuma e competência técnica, mas os efeitos na opinião pública, via pesquisas, dependem de comunicação ampla que a gestão Lula pode resolver, talvez sem pressa.

 

Fúria insana

As agressões ao contexto de saúde pública têm sido uma extensão permanente do método autocrático. A propositada omissão no combate ao crime ambiental, como nos episódios de exploração ilegal da extração de madeira protagonizado pelo então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, aquele que apregoava em plena reunião palaciana a estratégia de “passar a boiada”. O próprio Bolsonaro defendeu afrouxamento da fiscalização, reduzindo eficiência fiscalizadora de repressão aos garimpeiros ilegais que contaminavam rios da Amazônia. As dragas assassinas contaminavam áreas de preservação ambiental derrubando as matas, dizimando resistência dos nativos e ribeirinhos. A estratégia de gestão fez-se aliada ao crime organizado com desmatamento cruel, poluição das águas levando a saúde das famílias indígenas a um estado degenerativo. Esta omissão no combate aos invasores dos mananciais de sustentabilidade da vida amazônica fez proliferar uma cadeia de destruição hoje atacada pelo governo Lula-Alkmin. As enormes dificuldades de acesso à população vítima da exploração exigem redobrado desforço nacional de recursos e defesa armada. Equipes médicas de extrema dedicação do governo atual, eleito democraticamente, lutam no salvamento de crianças e adultos, enquanto persistem ataques aos domínios das aldeias indígenas. A solução protetiva destes brasileiros tem merecido prioridade do governo Lula, embora a crise mostre dificuldades maiores do que se imaginava.

 

Krenak

Ailton Alves Lacerda Krenak, pensador, filósofo, ambientalista, escritor, jornalista, ativista indígena de escol, foi empossado na Academia Brasileira de Letras, que tem 123 anos de existência. Representa pensamento avançado na projeção de vários líderes indígenas como Davi Kopenawa, Daniel Munduruku, Eliane Potiguara ou Sônia Guajajara, ocupando a cadeira número 5. São os povos de 300 tribos do Brasil de uma cooperação cultural histórica de nossa população nativa. A voz de Krenak, sabida no mundo todo, é o justo reconhecimento da ABL que restaura a verdadeira feição de nossa cultura.  

         

 

  

 

                  


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