Tênis branco
Hoje, tênis branco virou uniforme. Até parece obrigatório. Nas vitrines das lojas de calçados até parece que nevou, pois o branco tomou conta. Mas, entre botas, alpargatas, sapatos e galochas, a história do tênis branco já foi bem mais discreta. Era um calçado estritamente para a prática esportiva, sua própria origem. Os primeiros que usei foram Íris e Conga. Brancos, apenas para as aulas de educação física e ponto final. Depois, em couro ou lona, pretos ou brancos, havia com cano alto para basquete e os conversíveis para futebol de salão e tênis. Ofereciam mais liberdade do que os pesados sapatos pretos do uniforme escolar, mas ficavam longe do que temos hoje por aí.
Com novos modelos, o branco entrou em crise existencial e esteve fora de moda. Foi quando os tênis saíram das quadras, ganharam cores e chegaram às ruas calçando apenas os pés mais jovens. Sofreram com restrições, pois sequer entravam numa boate. Muito menos na Xangri-lá! E, por falar em zona, sapato versus calcanhar é zona de conflito. Então, pensando na zona de conforto, veio a moda do mocassim. Macio, confortável e com um design convidativo ao relax, comandou os passos por um bom tempo.
Mas os tênis prosseguiram sua caminhada vertical e aos poucos pisaram sobre os preconceitos para obter a popularidade. E tomaram conta do pedaço. Em seguida, a briga entre tênis e sapatos pelo espaço nas prateleiras resultou no sapatênis. Enfim, uma opção confortável, menos arrojada, sem agressões ao decoro e mais sociável. Virou moda. A gente usa até com gravata e, convenhamos, é bem mais aconchegante para nossos pés do que um sapato de bico fino.
Agora, acredito que há uns dois anos, a moda é o tênis branco. Sim, aquele velho modelo de tênis lá dos anos 1960. É claro que os de hoje são bem mais confortáveis, vêm com suspensão computadorizada, comandos hidráulicos e a leveza de um planador. É tênis branco em todas as festas com terno ou até mesmo smoking. Vai com gravata, borboleta e até mariposa. Ainda não entrei nessa, no máximo calço um discretíssimo sapatênis. Mas a turma só vai de tênis brancos. Aliás, alvos até que o encardido os separem.
Paz e Arroz
Em 1972, Jorge Ben (hoje Ben Jor) lançou a música Paz e Arroz. Uma canção simples, mas que representa o mais profundo sentimento coletivo da humanidade. “Eu quero paz e arroz / Amor é bom e vem depois”. Bem isso, pois almejamos paz e comida. Simples assim. Pena que nem toda a humanidade tenha entrado na benévola mensagem de Jorge Ben Jor. O mundo ainda tem guerras. Sim, nosso planeta, que sequer conhece outras formas de vida na galáxia, abriga a crueldade das guerras. Ainda não compreendemos muito bem nossa própria existência, mas temos quem brigue com os vizinhos. Há, inegavelmente, um poder que conduz às guerras. Não é o poderio bélico dos beligerantes. É a força do poder econômico, que vai da indústria bélica a outros interesses. Um poder que se coloca acima das vidas que apagam. Fronteiras ou ideologias são desculpas oportunistas. Nada justifica esses crimes ou sequer uma gota se sangue.
Vaidade
Quase todos os políticos ingressam na política por pura vaidade. Quando chegam lá ficam ainda mais vaidosos. Têm atração magnética por fotografias e não podem ver um microfone. E, ao final da carreira política, saem de cena de mansinho para resguardar sua vaidade.
De graça
Por muitos anos, Flávio Cavalcanti comandou programas na extinta TV Tupi. Um Instante Maestro foi um deles, onde valorizou os grandes nomes da música brasileira. Já o Programa Flávio Cavalcanti foi pioneiro na transmissão via satélite, ganhando o bordão de ‘ao vivo via Embratel para todo Brasil’. Polêmico, Flávio tinha um estilo próprio e, para usar o anonimato em algumas citações populares, não dava a fonte e passava a informação como grátis. Pois bem, então, parafraseando-o, “essa li não sei onde e dou de graça para vocês”: Na família real filha nasce princesa. Na família militar filha nasce aposentada.
Bolinha
Calma. Tem mais. Sim, soubemos mais uma peripécia cinematográfico-automobilística de nosso intrépido batera Bolinha Azambuja. O cara é mais versátil do que o WD40. Aguardem!
Centenário
Com ou sem guerras, faltam 427 dias para o Centenário de O Nacional.
Trilha sonora
Jorge Ben Jor – Paz e Arroz