OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Os últimos dias representaram uma grande mudança geopolítica no Oriente Médio. Tomou destaque o ataque massivo do Irã contra Israel, como resposta à operação israelense em uma repartição diplomática iraniana em Damasco, na Síria. Ao todo, foram mais de 300 projéteis lançados do Irã contra Israel e, entre eles, os drones e até mesmo mísseis balísticos. O sistema de defesa antiaérea atuou juntamente com operações de potências aliadas, como os EUA e o Reino Unido, conseguindo debelar o ataque, que mesmo assim deixou uma criança em estado grave em Israel. O ataque trata-se de uma ruptura significativa nas relações internacionais do Oriente Médio, uma vez que o Irã, nas últimas décadas, nunca havia deliberado por um ataque contra Israel, a partir do seu solo e de forma massiva, como se observou. Muitos especialistas trataram a agressão como “limitada” e até mesmo surgiram comentários de que o Irã estaria apenas dando um “aviso” – ocorre que o ataque, na verdade, foi uma clara tentativa de agressão e destruição de alvos e civis, em Israel, como nunca se viu na história mais recente das relações internacionais.

 

A declaração de guerra 

Em que pese a recente agressão massiva do Irã contra Israel, a autocracia já havia declarado essa guerra ainda em outubro de 2023, quando da invasão terrorista do Hamas, que é um braço armado do Irã na região. Da mesma forma, o consequente envolvimento do Hezbollah e dos Houtis no contexto da guerra, que são outros proxies do Irã que auxiliam na escalada de tensões, diariamente.

 Cenários 

Israel, por seu turno, comunicou que vai revidar o ataque massivo dos Aiatolás. Não dar algum tipo de resposta representaria uma relativa fragilidade militar, que poderia comprometer o futuro geopolítico do Oriente Médio, ao mesmo tempo em que certamente pode escalar o conflito. Aqui, podemos trabalhar com alguns cenários. Parece ser mais provável que Israel possa lançar um ataque direto contra os proxies do Irã, entre eles, os terroristas Hezbollah, que se uniram na última agressão do Irã, lançando projéteis também contra Israel. Se o revide não for direcionado aos proxies, a possibilidade é a de que Israel lance algum tipo de ataque aéreo cirúrgico contra autoridades da autocracia que deram as ordens do ataque, para que a resposta não incida contra civis iranianos, o que tornaria o cenário problemático. A defesa antiaérea do Irã é muito mais defasada do que a de Israel. EUA e as potências ocidentais tentam dissuadir Israel de uma resposta que possa ampliar o conflito no Oriente Médio, praticamente levando para dentro dele outros players, o que seria delicado. Não estão descartadas as operações especiais de inteligência (que sempre operam nos bastidores), atingindo importantes players no Irã e até mesmo um cyber ataque, como ocorreu no passado, em plantas industriais e nucleares. Outro cenário complementar aos anteriores são as estratégias de isolamento diplomático do Irã, podendo Israel pressionar as potências ocidentais para que imponham mais sanções (o que já está em curso). O cenário menos provável é o de um armistício, sendo um acordo de paz o mais remoto deles. Todavia, Netanyahu deveria calcular com precisão a melhor resposta, que seja capaz de demonstrar a força militar ao mesmo tempo em que o resultado não seja um desastre.

 

 

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