OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Desde a eclosão da guerra na Ucrânia, ao menos no campo das narrativas, surgiam indicações de que Putin estava a promover a sua “Nova Ordem Mundial”, que mistura a mentalidade soviética com os interesses de outras potências autocráticas, que vislumbravam à época da referida guerra, a possibilidade de se estabelecer um novo eixo de poder no mundo, capaz de confrontar o regime ocidental. Putin e Xi Jinping estabeleceram a sua “parceria sem limites”, que se tornou ainda mais forte com a imposição das sanções ocidentais contra a Rússia. O grupo dos BRICS (sigla para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) buscou a sua ampliação, e entre os novos membros, despontou o Irã, a autocracia dos aiatolás. Na plataforma dos BRICS, os líderes ainda defendem a substituição do dólar como moeda padrão do sistema financeiro internacional. Então, eclodiu uma guerra de bárbaros terroristas contra Israel, no Oriente Médio. As conversações entre os terroristas do Hamas e as autoridades iranianas foram escancaradas, antes mesmo do ataque em Israel, provando a coordenação de ações entre eles. Os terroristas também viajavam à Rússia e contavam com a cordial recepção de Putin. Enfim, o que há de comum em todos esses acontecimentos da geopolítica internacional?

 

O eixo autocrático 

Com o déficit relativo das lideranças ocidentais, incapazes de impor uma agenda de segurança internacional ou até mesmo ter o controle dos desdobramentos da realpolitik, abriu-se uma fenda na política internacional, que proporcionou a emergência da articulação política e militar entre potências autocráticas. O eixo das autocracias (países como a Rússia, o Irã e a China) quer substituir a ordem vigente, que Putin denomina de “unilateral”, para promover o “multilateralismo” autocrático, que visa substituir o dólar e enfraquecer as instituições ocidentais. Nessa “conjuntura ideal” das potências autocráticas, alguns países em desenvolvimento pegam carona, achando que alguma vantagem terão, enquanto o eixo destrói as suas próprias instituições.

 

Sul Global 

O Sul Global é um termo que surgiu ainda na década de 1990 e significa a articulação entre países em desenvolvimento que não concordam com a ordem vigente, que na sua visão, se resume ao “unilateralismo” dos EUA. Trata-se de uma corrente comum entre as esquerdas, insatisfeitas com a ordem capitalista vigente. O Sul Global embarcou na nau do eixo autocrático e acredita que, na possibilidade de uma nova configuração da política internacional, possa despontar com algum tipo de liderança em uma “nova ordem mundial”. Esse delírio de grandeza é que tem levado Lula e Amorim a se curvarem diante das autocracias. Enquanto essa coluna é redigida, Amorim se encontrava, pela segunda vez, na Rússia, discutindo questões de segurança. Lula e Amorim acham que há um "lugar prometido" no submundo do Sul Global, um pântano onde as ditaduras substituiriam o atual regime ocidental por alguma coisa qualquer, sem a predominância do dólar. Lula e Amorim acham que o Brasil pode ser um líder geopolítico nesta "nova configuração". Tudo isso serve a uma ideia comunista radical, de fundo, misturada com uma total falta de visão geopolítica.

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