Entre muitas cidades inundadas, parcial ou totalmente, Eldorado do Sul é a amostra cruel da angústia extrema que toma conta da comunidade gaúcha. Rios e riachos sobem as calçadas, encobrindo rapidamente as casas e abrigos, indistintamente. Tudo o que se tem como vida doméstica, utensílios, cercados, animais de produção, roçados e várzeas extensas, subitamente restam imersos em água e lodo, derrubando a visão de vida, em fria sepultura. E as pessoas, de todos os quadrantes da terra gaudéria estão submersos no dilúvio que encobre a pampa e a cidade. Ao mesmo tempo a força das águas arrebata vidas de familiares que habitam o interior e a cidade. E são cenas dramáticas de gente pedindo socorro dos telhados e sobrados, outros na capota de veículos ou galhos de árvores na iminência de sucumbir tragados pela correnteza. Casas, ruas de vilarejos e cidades, confundem-se com leitos dos rios que crescem a cada minuto tragando tudo.
Comunicação
O ritmo das comunicações entre pessoas distantes ou próximas sofre a queda brusca. Os meios digitais sustentados pela moderna facilitação virtual sucumbem em poucos instantes. Os gritos de socorro são encobertos pelo rumor das águas ou estrondo de raios. A enxurrada leva tudo por diante: postes de luz e fios de comunicação. Sem energia não há impulsão de água aos reservatórios de distribuição. Falta água, luz e eco para o pedido de ajuda. As equipes de jornalismo que se lançam na missão de informar, debaixo de água, não podem cruzar as estradas por que as vias estão interrompidas, impedindo acesso às regiões. Queda de pontes e desabamentos das encostas trancam acessibilidade. Além do próprio risco da mobilização profissional repetem-se as quedas de transmissão da mensagem informativa necessária. Cai o sinal.
A luz do dia
A mobilização da estrutura para a comunicação e socorro conta com a precária luz do dia. Os barcos, e canoas voluntariosas andam por caminhos perigosos tripuladas por socorristas profissionais ou não, também em constante ameaça pela incerteza dos caminhos das correntes invasoras que fogem velozes das barrancas dos rios, sulcando ruas, estradas, e calçadas. Veículos de tração dobrada, nas quatro rodas, nem estes conseguem vencer o lodo dos caminhos. E, até o entardecer que chega mais cedo, o atendimento de voluntários e de órgãos oficiais, ainda permitem avanço na busca de pessoas em suas casas ou presas nas copas das árvores. A névoa densa do entardecer dificulta as buscas de socorro. Então vem a noite prolongada. A maior parte do socorro fica impedido de prosseguir. A evacuação que já é dramática durante o dia fica restrita aos serviços oficiais com modernos meios de iluminação.
Ajuda
O Rio Grande do Sul passou a contar com de imediato com ajuda de vários estados, além da missão presidencial e contingente de agentes do exército e frentes de socorro da Aeronáutica, Marinha e apoio logístico da defesa civil. A solidariedade humana brota de todos os flancos do nosso estado. A gravidade e impotência das instituições de atendimento oficial ou espontâneas tornam tudo uma batalha heroica e sem trégua. Mais e mais pessoas com frio, lama, dor, fome, falta de remédio e muitas perdas, além de vidas, buscam suportar toda essa angústia.
Incrível maldade
Entre as instituições que cumprem a missão de salvamento e socorro, o governo federal, estado e município colocam os principais recursos de salvamento, remédios, assistência médica inclusive helicópteros especiais. Mas, vejam só! A extrema maldade de um segmento fanático que não teve apoio do Exército na investida criminosa de destruição aos próprios dos três poderes, no dia maldito de 8 de janeiro, resolve chafurdar o lodo do ódio recolhido e investir criminosamente contra a presença do exército na ajuda aos flagelados. Espalham de modo sub-reptício a mentira atribuindo omissão ao reconhecido esforço do exército. Espalharam covardemente que os agentes federais retardavam a mobilização civil voluntária, mediante assédio burocrático. Os órgãos de imprensa já desmentiram vigorosamente a versão criminosa e indecente desses fanáticos teleguiados.