A nossa coluna não poderia ficar alheia aos acontecimentos recentes, desta que parece ser uma das maiores tragédias climáticas no Brasil, fazendo emergir uma verdadeira crise humanitária, de proporções internacionais. Lamentamos profundamente todas as vidas perdidas e por todos aqueles que, neste momento, não podem retornar para as suas casas, também aos pequenos negócios até às grandes empresas. O momento exige a união dos governos locais e da sociedade civil, nos esforços de resgatar inúmeras de pessoas que ainda restam ilhadas e o encaminhamento dos desabrigados. Mundialmente, cidades têm sido afetadas pelo grande volume de chuvas, não sendo uma excepcionalidade do Brasil. Pelo contrário, vimos recentemente Nova York, uma das cidades mais resilientes do mundo, embaixo d’água, assim como vimos Dubai e o seu aeroporto mergulhados. Logo, grandes capitais mundiais, independentemente de seu status econômico e de desenvolvimento, têm sido afetadas pelas questões climáticas e os seus efeitos devastadores que, em grande medida escapam de controle, por mais que existam modelos internacionais de resiliência, eles não conseguem lidar efetivamente com a magnitude dos eventos e choque externos.
Impactos econômicos
O Rio Grande do Sul (RS) é uma das locomotivas de exportação no Brasil, estando hoje (janeiro a abril de 2024) como o sétimo principal exportador do país. A mudança na dinâmica da balança comercial trará impactos internos e externos. Outro aspecto importante é a necessidade de se recompor a logística, no que toca ao modal rodoviário e aéreo. No agronegócio já se estima uma perda importante em culturas como a soja e o milho, por exemplo. De igual forma, o setor de serviços e da indústria, em muitos casos, terão de recomeçar do zero. Para recuperar o protagonismo internacional, o RS precisará de uma estratégia que contemple eixos de atuação internacional, a reinserção inteligente das cadeias produtivas do Estado, uma visão de futuro integradora, a essencial prospecção de recursos internacionais à reconstrução e a conexão do potencial inovador com modelos exitosos, no mundo – de forma descentralizada, levando-se em conta as vocações específicas dos Parques Tecnológicos e Hubs de inovação. Essa estratégia deve chamar os diferentes players e ser disseminada na sociedade, que terá um papel de protagonista em sua formulação. Mundialmente, os Estados e as regiões, em países desenvolvidos, criam uma estratégia de atratividade regional, apta a atrair novos talentos, visitantes e investimentos.
Geopolítica e clima
O clima e as catástrofes naturais têm sido incorporados, cada vez mais, nos modelos preditivos de riscos geopolíticos, sendo de difícil mitigação. Há estudos internacionais que apontam que entre os dez principais riscos geopolíticos, as questões ambientais figurariam entre os dez primeiros, como é o caso do modelo do Fórum Econômico Mundial. As empresas, em nível mundial, têm procurado adicionar um novo “G” na famosa sigla do ESG (meio ambiente, social e governança), que seria o da geopolítica, também atentas aos cenários incertos que se desdobram com os eventos climáticos extremos.