Foram 300 anos de escravidão, com extrema crueldade exercida pelos mandantes do poder político, econômico, religioso e social. “Era um sonho dantesco ...o tombadilho/ que das luzernas avermelha o brilho,/ em sangue a se banhar./ Tinir de ferro...estalar de açoite.../ Legiões de homens negros como a noite,/ horrendos a dançar.” (Castro Alves). Em sua obra O Navio Negreiro – tragédia no mar, o poeta condoreiro explode erupção de cólera, diante de tanta maldade de seres humanos no processo de escravidão. E foram três séculos infames para nossa nação, suportados com dores profundas, sangue derramado, gritos de liberdade! Foi luta insana e persistente, pressionando o poder político do império brasileiro, que mantinha o estado revoltante de injustiça social. Nenhuma instituição oficial de governo ou da sociedade civil, no atrelamento de poder econômico, agiu definitivamente na salvação dos flagelados da escravatura. E foram os mártires da liberdade, alojados nos quilombos, tombados no campo da guerrilha por justiça, ora com sangue ou mutilações, e beijando cicatrizes no tempo, na luta pela igualdade. Os núcleos de poder e ódio à liberdade humana mantinham de todas as formas personagens assassinas da dignidade humana em favor da estratégia oligárquica. Já chegava o momento em que não eram apenas os negros e índios flagelados pela volúpia dos donos do poder econômico. Os pobres formaram a multidão escrava, como são explorados até hoje. Mas as pressões, a ira sagrada dos escravizados, obrigou o poder imperial ao ato de 13 de maio de 1888, assinada a lei áurea. Foi o ato formal de uma resistência secular, de seres humanos competentes, sábios e maravilhosos que venceram as castas da extrema maldade humana. Salve o símbolo da libertação, que fez tremer as cúpulas podres da nação. A luta igualitária continua. Hoje, no entanto vemos agentes nas lideranças, na ciência, na religião, na política e o brilho incomparável nas artes. Sabemos que os descendentes africanos, que suportaram e mudaram a história brasileira, são indispensáveis ao nosso desenvolvimento com essa força imensa de cooperação e esperança para brancos, negros ou pobres. Mas, fiquemos atentos à miséria cultural: “Cuentam que de mi color/ Dios hizo el hombre primero,/ mas los blancos altaneros/ los mismos que los convidan,/ asta de nombrarlo olvidan e, solo lo llaman, negro” (Hernandez).
Mudanças
“Somos nós, meu senhor, mas não tremas/ nós quebramos as nossas algemas / pra pedir-te as esposas ou mães./ Este é o filho do ancião que mataste./ Este - irmão da mulher que manchaste .../ Oh! Não tremas senhor, são teus cães!” (do poema Bandido Negro).
Falácias
Acompanhamos a fala de pessoas da mais alta responsabilidade e competência nas operações de salvamento aos flagelados da enchente que devasta o estado. O general Hertz Pires do Nascimento mostrando-se indignado com os atentados narrativos sobre as operações do exército presente no atendimento. São as tais fake News, falsidades, lançadas nos meios de comunicação virtual para obliterar os fatos. Na verdade, são escalas de origens que podem ser meramente alarmistas, equívocos ou a pérfida mentira para prejudicar o esforço de cooperação da comunidade. No caso, referimo-nos à onda absolutamente idiota e criminosa de desviar as atenções nas comunicações de urgência atrapalhando o desempenho das tarefas comunitárias. É sombrio e preocupante a covardia de fundamentalistas do mal, que não tiveram apoio na tentativa de golpe de 8 de janeiro. Agora querem disseminar a mágoa de perdedores infelizes e antidemocratas, prejudicando covardemente uma mobilização solidária. A origem da frustração dos golpistas não pode ser atribuído à honorabilidade do exército, em que pese os tresloucados acampamentos defronte os quarteis. O exército cumpriu a lei e agora realiza missão salvadora atendendo ajuda aos afogados. Essa gentalha que pretende prejudicar a imagem de instituições democráticas à sombra da ilegalidade, ofende a sensatez num momento delicado para a população desabrigada. Respeitem pelo menos o sofrimento alheio e parem com a estupidez criminosa.