OPINIÃO

Teclando - 15/05/2024

Lágrimas, interesses e vaidades

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Lágrimas, interesses e vaidades

As tragédias afloram vários sentimentos e as mais inesperadas condutas. Tristeza, dor, comoção e solidariedade. Ajudar, arregaçar as mangas ou colaborar de alguma forma. Mas não são apenas esses os sentimentos que despontam das pessoas. As condutas podem revelar maldades escamoteadas, além de interesses obscuros e falta de escrúpulos. Isso tudo num momento tão delicado, em que boa parte do Rio Grande do Sul perdeu para a força das águas. Além dos furtos em residências que foram abandonadas, muitos aproveitam para exercer o desrespeito às leis.

Mas não é apenas isso. Enquanto há um sentimento coletivo de compaixão, surge o egoísmo explícito daqueles que só olham para o próprio umbigo. É como a ressurreição da Lei de Gérson, pois essa turma quer levar vantagem em tudo. E não importa a situação. Mais forte ainda é a vaidade, aquela que não desgruda de egos bem criados. Até mesmo entre aqueles que atuam nas maravilhosas ações solidárias, sempre desponta algum vedetismo. Majoritariamente, nessas disputas de beleza alguém age como se fosse o próprio dono da calamidade. Para aparecer mais do que os outros, alguns até são muito criativos e inventam cada coisa de dar dó.

A má-índole vem à tona daqueles que podemos classificar como os eternos maus-caracteres. Sim, os interesseiros. Colocam a sua promoção pessoal ou o seu bolso acima da realidade. Usam a tragédia como um cavalo de alças para as evoluções em busca de vantagens, votos ou promoção profissional. Mas isso tudo acontece porque somos humanos. Sim, os seres racionais e mais inteligentes do planeta. Inteligentes, sim. Bons ou maus. Quando as águas baixarem, além de mensurar os estragos, também despontarão os verdadeiros solidários e os solitários aproveitadores.

Incógnita cognitiva

Por que, em plena tragédia, há indivíduos preocupados em pulverizar o ódio? Cuidam de tudo e de todos. Criticam negativamente ações, pessoas e instituições. Aliás, não apenas criticam, desrespeitam! O cachimbo entorta a boca. E tem muita gente beiçuda por aí. Isso porque, nos últimos anos, de tanto jogar esterco nas redes sociais, o hábito se transformou em vício. A falta de cognição leva as pessoas à sensação de necessidade em repassar idiotices até mesmo numa tragédia. Cognição exige memória, percepção, raciocínio e lógica. Podemos simplificar isso como bom senso. Então, insensatos os que se aproveitam desse momento para politizar, desorientar, menosprezar etc. Ora, esse vício é raivoso e nocivo à sociedade. É uma nova droga que age pela ponta dos dedos. Deve ser criminalizada!

Atrapalhadores

Desde nem sei mais quando, ouvimos que muito ajuda quem não atrapalha. Um velho ditado que cai como uma luva para o momento. Numa calamidade, toda ajuda é bem-vinda. Qualquer atrapalho mal-intencionado é crime. Então, auxilie nem que seja com o seu silêncio. Não espalhe ou repasse mentiras nas redes sociais ou nas conversas por aí. Ajude. Pode ser uma oração para pneu, mas sem atrapalhar. Ou mesmo sinalizar com luzes para tentar contatos com extraterrestres. Nunca se sabe, né? Faça, mas não estorve. E respeite os outros. Apenas isso!

Dificuldades

Das mais otimistas às mais pessimistas projeções, sabemos que vêm dias ruins pela frente. Lá no olho do furacão e aqui pelas bordas também. Nesse momento é necessário respeitar o sacrifício de todos. Motoristas, atendentes de supermercados e tantos outros já sofrem com as consequências dessa tragédia. Deixe seu umbigo de lado e olhe para bem longe em busca da compreensão. Antes de reclamar, respeite.

Cidadania

Em respeito ao trabalho anônimo e despretensioso, não podemos deixar de enaltecer o esforço e a voluntariedade de tantos passo-fundenses. As doações espontâneas e a ação de voluntários ficarão para a história. Sabemos muito bem que, de fato, nunca estamos preparados para situações calamitosas. Mas a reação positiva surgiu quase que imediatamente. Por terra ou por ar, Passo Fundo dá uma aula de cidadania.

Trilha sonora

Maria Luiz Benitez - Renascimento


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