OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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O momento é oportuno para que possamos buscar referências internacionais exitosas, no âmbito dos desastres naturais e no impreterível processo de reconstrução, que tende a ser lento e deve articular muitas ações, em diferentes níveis. Talvez o modelo mais recorrente no panorama internacional seja o do furacão Katrina, que assolou os EUA, mais precisamente na região metropolitana de Nova Orleans no Estado de Louisiana, em agosto de 2005, com mais de 1 milhão de pessoas evacuadas. A tragédia ficou marcada na história americana, com mais de 1,8 mil pessoas mortas em decorrência do furacão e da inundação. Muitas pessoas, cerca de 100 mil, não obedeceram aos pedidos de evacuação. A cidade possuía um vasto sistema de diques antigos, que não conseguia conter a água. Todo o sistema teve de ser refeito, bem como o sistema de bombas, que na época, não funcionou. Uma das lições mais marcantes do Katrina, foi a rede de solidariedade que se formou, uma vez que a ajuda militar tardou, deixando muitas pessoas em situação muito vulnerável. Em que pese o desastre ter acontecido em um país rico e desenvolvido, isso não foi garantia de eficiência nas respostas.

 

Reconstrução 

O processo de reconstrução levou muito tempo, provando que esse tipo de situação demanda não apenas as ações de curto e médio prazo, mas a necessária inteligência na construção de estratégias duradouras e eficazes. Parece haver um consenso de que muito da situação tenha se agravado pela letargia sistêmica e respostas ineficientes, não somente o resultado do furacão, no entanto. A demora da evacuação (que se deu somente na véspera do furacão) foi outro empecilho importante. Não havia um plano de evacuação, ainda mais pelo grande número de pessoas. Os danos foram calculados em quase um trilhão de reais. A reconstrução após grandes tragédias é longa, mas também um momento oportuno para a criação de novas estratégias e uma possibilidade de se mirar no futuro, traçando cenários e os melhores planos.

 

Medidas centrais 

O núcleo central do processo de reconstrução foi marcado por algumas ações como: 1) a necessária limpeza urbana e remoção de destroços; 2) a infraestrutura recebeu pesados investimentos, tais como estradas, pontes, redes de tratamento de água etc.; 3) na habitação foram criados programas para reparar os domicílios atingidos pelo furacão; 4) a revitalização de áreas urbanas importantes; 5) as novas medidas de prevenção a desastres; e 6) o forte apoio à reconstrução dos pequenos negócios e o suporte à economia local.

 

Rio Grande do Sul 

Muitos aspectos que vimos lá no Katrina se repetiram também aqui em nosso Estado. Independente das lideranças políticas, o desafio é grandioso e vai demandar boa vontade política para que seja um plano duradouro, que possa atravessar diferentes gestões. Somente na terceira visita do Presidente ao RS, é que algumas medidas foram anunciadas, em meio aos conchavos políticos do governo federal, preocupado talvez com cenários eleitorais vindouros. Começou, literalmente, com o pé esquerdo, como uma “autoridade federal” que não tem qualquer experiência com esse tipo de desastre. Enquanto isso, como vimos no Katrina, a força da solidariedade entre as pessoas comuns, sem interesses políticos, tem sido a grande força de base da reconstrução. 

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