OPINIÃO

CIÊNCIA (Segunda Parte)

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Sociedade Moderna: Científica e Industrial

As sociedades modernas são dependentes da ciência. Esse é o motivo que levou Augusto Comte (1798-1857), sociólogo francês, a defini-las como “sociedades científicas e industriais”. “Uma sociedade se torna industrial à medida que a organização da produção não é determinada pela tradição, pela iniciativa irrefletida, porém à medida que o conhecimento e a ciência são sistematicamente aplicados á produção”.


A Sociedade Teológica e Militar

O sociólogo francês percebeu que um certo tipo de sociedade estava em vias de desaparecer, a sociedade teológica e militar. Nessa sociedade o poder espiritual era exercido pelo clero. Ou seja, a base moral e intelectual era exercida pelos sacerdotes e os teólogos. A sociedade que ele via nascer era científica, na medida em que o poder espiritual passa a ser exercido pelos cientistas, e não mais pelo clero. Na sociedade medieval, o poder militar era exercido pela aristocracia guerreira. Assim como os cientistas substituem os sacerdotes, os industriais substituem os militares.


Industriais

Quem são os industriais? Segundo Saint-Simon (1760-1825), são os “produtores”, todos aqueles que concorrem para o enriquecimento material do país, os construtores da sociedade na qual vivemos. São os “empreendedores de trabalhos pacíficos, que ocuparão o maior número de indivíduos”. São “todos aqueles que se ocupam de produtos materiais, quer dizer, os agricultores, os fabricantes, os comerciantes, os banqueiros, juntamente com todos os seus empregados ao seu serviço.”


Cientistas

Augusto Comte chama de “cientistas” todos aqueles que possuem um conhecimento e não apenas aqueles que fazem pesquisas em laboratórios. Na sociedade moderna são cientistas os professores, os engenheiros, os químicos, os biólogos, os sociólogos, os médicos etc. E não são apenas os que cursaram algum curso superior, mas todos aqueles que possuem determinados conhecimentos, como um técnico em eletrônica. Como a sociedade moderna depende cada vez mais da ciência, os cientistas passam a desempenhar um papel decisivo. O médico substitui o curandeiro e a benzedeira, os psicólogos e os psiquiatras substituem os padres.


A meta da sociedade industrial

Na sociedade moderna, a atividade essencial será a atividade produtiva. Ao contrário do tipo militar do passado, cujo enriquecimento se dava pela conquista e pelo saque, a sociedade moderna, científica e industrial, se dedicará à exploração racional dos recursos naturais, tendo como meta produzir o mais possível. Saint-Simon e Augusto Comte anteviram o que, hoje, é uma obviedade: vivemos em sociedade em que a riqueza provém da produtividade do trabalho e não do poderio militar. Entre outros, o exemplo do Japão é emblemático. As elites japonesas buscaram o poderio com a expansão militar, como se viu, por exemplo, na Segunda Guerra Mundial. Perderam a guerra e todas as áreas conquistadas e, assim mesmo, nos pós-guerra se produziu o chamado “milagre japonês”. A renda real média do Japão multiplicou-se por cinco entre 1958 e 1987, num dos mais rápidos booms econômicos da história.


Obsessão pelo crescimento

Veremos na próxima coluna que as sociedades modernas têm obsessão pelo crescimento econômico, porque dele depende a melhoria da vida das pessoas. Virtualmente se “santificam” as taxas de crescimento e, em consequência, os fatores relacionados com a produtividade.


Sugestão de leitura

Para melhor compreender a sociedade em que vivemos, a sociedade científica e industrial, sugiro a leitura do livro “Dezoito lições sobre a sociedade industrial”, de Raymon Aron. O livro contém as lições que Aron deu na Universidade de Sorbonne em 1955-1956.

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