OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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A guerra travada por Putin na Ucrânia traz uma série de implicações que acabam por extravasar o aspecto territorial do conflito, no leste europeu. A geopolítica vem demonstrando uma nova arquitetura, com a emergência de um eixo autocrático, liderado por China, Rússia, Irã, entre outros. O objetivo central do eixo é o de esculhambar com a ideia de Ocidente, ou do que resta dela e se aproveita do déficit de lideranças ocidentais, aptos a lidar com a realpolitik. Macron se arrisca ao ameaçar Putin com tropas na Ucrânia. Outros líderes buscam resolver a antiga dependência energética da Rússia. Biden, por seu turno, não carrega o simbolismo de líder forte, além de adotar uma política externa errante, belicosa com o que não deveria ser. Com a guerra na Ucrânia, o zeitgeist (espírito de época) da Guerra Fria retornou, e com ele a narrativa nuclear. O Coronel Putin agora se aproxima de Cuba, em uma jogada que cria uma tensão relativa, dada a proximidade com os EUA. 

Cuba 

Aportaram na ilha cubana, embarcações militares russas. A narrativa do Kremlin é a da condução de exercícios militares na região. Os navios russos trazem importantes tecnologias militares, inclusive nucleares, como o submarino Kazan. Eles carregam também a tecnologia dos mísseis (Zircon) hipersônicos, hoje dominada pela Rússia e China. Os mísseis conseguem quebrar a velocidade do som, sendo hábeis para enganar os radares antiaéreos. Nas últimas semanas, Putin vem escalando as suas narrativas, principalmente após as declarações impensadas de Macron e de outros líderes. Putin chegou a falar de “possibilidades nucleares”, muito provavelmente em condições táticas. A possibilidade de utilização de novas e potentes armas ocidentais pelos ucranianos, levantou o sinal vermelho para Putin. Assim, o envio das embarcações militares russas carrega o simbolismo de um estado de vigilância por parte de Moscou, demonstrando que pode conduzir uma ameaça para bem perto dos EUA, inclusive com armas modernas e poderosas. Washington ainda não declara que os exercícios militares são uma ameaça direta, mas que estarão atentos aos desdobramentos. Os americanos também designaram algumas embarcações militares suas para que pudessem acompanhar o movimento russo-cubano. 

O risco nuclear 

Nos últimos dias, Putin também elevou a sua narrativa nuclear, chegando a afirmar que “os países do Ocidente estariam em erro ao considerar que o Kremlin nunca usaria as armas nucleares”. Putin também afirmou, a partir do seu cálculo de realpolitik, de que não atacaria países membros da OTAN, uma vez que a resposta poderia minar a Rússia e as aventuras de Putin. A linha vermelha para o Kremlin, em termos de resposta nuclear, seria a da ameaça à soberania russa e de sua integridade territorial. Nesta afirmação há espaço para muita coisa, o que poderia incluir a utilização de armas mais potentes pela Ucrânia, doadas pelos países ocidentais. O movimento russo no perímetro da ilha cubana, certamente escala tensões significativas à geopolítica global. Será necessário às lideranças ocidentais articularem respostas assertivas, sem abrir o risco de um conflito global de larga escala. O desfile de Putin com os seus mísseis hipersônicos abre uma nova janela e ele também deve fazer um cálculo racional, a fim de se evitar uma catástrofe.

 

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