OPINIÃO

Estações do ano e suas definições

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Estações do ano e suas definições

Sempre que os veículos de comunicação, a cada ano, anunciam a chegada de uma nova estação, fica evidente que muita gente não tem ideia muito clara do que sejam ou como são definidas, apesar desse conceito ser ensinado em sala de aula entre a 5ª e a 6ª série do ensino fundamental (o assunto, por exemplo, consta no capitulo de Geografia, assinado por Aroldo de Azevedo, no livro “Programa de Admissão”, publicado pela Companhia Editora Nacional, usado, antigamente, no 5º ano do ensino primário, quando se exigia uma prova de admissão ao Ginásio).

O que nem todos sabem é que há, pelo menos, duas maneiras de se definir as estações do ano. Uma de natureza astronômica, a mais popular, e outra que é usada em meteorologia/climatologia, que, por conveniência estatística, divide o ano em quatro períodos de três meses. Ou, simplesmente, para o Hemisfério Sul, tomando-se por base a temperatura do ar próxima à superfície, admite-se, verão (dezembro, janeiro e fevereiro) como a estação mais quente do ano, inverno (junho, julho e agosto) como a mais fria e outono (março, abril e maio) e primavera (setembro, outubro e novembro) como estações de transição.

A definição astronômica das estações do ano, ainda que mais difundida e ao gosto da mídia, não raro, conflita com a percepção popular, uma vez que, com certa frequência, temos arremedos de verão no meio do outono ou mesmo do inverno, que, no sul do Brasil, consagrou-se chamar de “veranico de maio” (em outras partes do Brasil, chamam “veranico” os períodos de estiagem no meio da estação das chuvas).

Astronomicamente, define-se o inverno, que ora inicia no Hemisfério Sul, como o período que se estende entre o solstício de inverno (21 de junho, em média. Em 2024: o inverno começou no dia 20 de junho, às 17h51) e o equinócio de primavera (23 de setembro, em média). A primavera encerra no solstício de verão (21 de dezembro, em média). O verão encerra no equinócio de outono (23 de março, em média). E o outono vai encerrar no solstício de inverno seguinte, cumprindo-se o ciclo das estações. No Hemisfério Norte, invertem-se as relações: inverno/verão e primavera/outono.

A relação Terra-Sol, pela inclinação, de 23º27´, do eixo terrestre, em relação ao plano que contém a órbita que o planeta Terra descreve ao redor do Sol, é a origem das estações do ano. Essas, dependendo da posição geográfica de cada local, não guardam relação direta com temperatura do ar e demais condições meteorológicas. Quatro estações, usando-se o regime térmico como referência, ficam mais bem evidenciadas nas latitudes médias do que na faixa tropical, onde, a exemplo do Bioma Cerrado, tem-se uma estação seca (com pouca ou nenhuma chuva) e outra úmida, que concentra a maior parte da precipitação pluvial anual. Da mesma forma, nas áreas dos círculos polares (Ártico e Antártico), onde a ausência do sol no inverno é marcante, também não se definem quatro estações.

Para o sul do Brasil, as definições astronômica e meteorológica/climatológica das estações do ano, usando-se a temperatura do ar como referencial (inverno mais frio, verão mais quente e primavera e outono como transições) possuem boa identidade uma com a outra. O mesmo não acontece no Brasil tropical.

Ninguém precisa ficar preso às definições das estações do ano, sejam elas dadas pela astronomia ou pela meteorologia/climatologia. Até por que não são as únicas. Eu, por exemplo, prefiro a definição proposta por Mario Quintana, no poema “Família desencontrada”: “O Verão é um senhor gordo, sentado na varanda, suando em bicas e reclamando cerveja (...). / O Outono é um tio solteirão que mora lá em cima do sótão (....). / O Inverno é um vovozinho trêmulo (...). / A Primavera, em contrapartida – é ela quem salva a honra da família! É uma menininha pulando na corda, cabelos ao vento (...)”.

O prognóstico do CPTEC/INMET/FUNCEME, para os meses de inverno de 2024, para a Região Sul, indica condições favoráveis para chuva acima da média na parte central e leste do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sudeste do Paraná. Nas demais áreas, a previsão é de chuva próxima e abaixo da média, principalmente no norte do Paraná. Temperaturas acima da média são previstas para a maior parte do inverno, principalmente no Paraná. No centro-sul do Rio Grande do Sul, são previstas temperaturas próximas da média. Ressalta-se que, a incursão de massas de ar de origem polar, poderá provocar declínio nas temperaturas em alguns dias, possibilitando a ocorrência de geadas em algumas localidades, especialmente nas áreas de maior altitude.

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