OPINIÃO

100 anos de memória

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Chegamos ao ano do centenário do jornal O Nacional. Estamos cuidando do empreendimento repleto de significação na sinergia da vida comunitária. A persistência exaustiva ao longo de tantos anos no trabalho informativo impregnou definitivamente o rumo da geração que hoje somos. Muito além de expressões cabalísticas de tantas décadas, a instituição jornalística ON constituiu-se na trincheira inviolável em defesa do destino da gente de Passo Fundo e sua ampla região de influência. Neste aspecto é imperioso concentramos o olhar sobre a figura do líder, pioneiro, realizador, de rara inteligência e coragem, Múcio de Castro. A missão de escrever verdade e imprimi-la no jornal exigiu o desassombro numa era presa a pragmatismos históricos, que muito precisava de defensores da verdade. E Múcio não se omitia nos movimentos de desenvolvimento social, políticos, culturais e artísticos, além de manter sua presença de líder voluntarioso nas causas sociais. Há uma lista interminável de sua participação decisiva em iniciativas que desafiaram o progresso. Inspirou muitos brilhantes jornalistas que participaram do cotidiano do jornal. Os anais do jornal são de palpitação constante pelos que já se foram, mas partilham desta imortalidade das letras (letras manent) graças ao repositório renovado permanentemente pelos brilhantes jornalistas, representados pelo editor Gerson Lopes. A gama de colaboradores, incentivadores, funcionários e leitores formam o sucesso desta luta centenária, prezado Múcio Filho, hoje diretor do jornal ON. Por certo, além de cada um, a força inspiradora do velho Múcio verbera forte no ânimo de todos.

 

O mestre

Guardo com muita consideração a lembrança de Múcio de Castro, há mais de 50 anos, presente a um evento sobre causa assistencial, onde ele era incentivador. Orador esplêndido, além de mestre das letras, percebi que estava diante de alguém importante com quem gostaria de poder falar. Enquanto me preparava para fazer minha estreia de externa no rádio Planalto, senti dificuldade para preparar o improviso que iria ao ar. Nem bem tive tempo para reconhecê-lo e ele foi logo percebendo a situação, ditando um texto. Deslumbrado anotei na prancheta de repórter e transmiti o boletim informativo. Eu era muito insipiente. Seguro e firme, impressionei positivamente meu chefe na rádio. Texto impecável. Subi no conceito profissional. Era a chance de que precisava. Múcio deu meia volta e continuou a solenidade. Alguns dias depois fui ao jornal e comecei escrever sobre sucessos musicais, numa coluna semanal. Ele era assim, generoso, estimulando comunicadores de rádio e jornal. Sua habilidade no trato com as pessoas e ao vernáculo. Produziu virtuosa escola de jornalismo.           

 

Está difícil

Chuvarada insistente parece que quer derrubar a gente, mesmo quem já caiu uma vez e mal acaba de se levantar. As informações revelam que chove menos, mas a água cai em solo enxarcado. Imagina-se que Porto Alegre possa ter desentupido boa parte dos canais de escoamento. Está difícil começar a recomeçar. A presença firme do governo Lula, embora versões danosas de inimigos da solidariedade, e ajuda dos estados e municípios, além de desta solidariedade que inflama o país, é fundamental nesta hora. Muitas coisas mudaram e qualquer sinal de anormalidade deve ser conferida. Como dizia Horácio, observador greco-romano, “ tua res agitur , paries com proximus ardet” (cuida das tuas coisas quando a parede do teu vizinho estiver pegando fogo).

 

Ricordi

O coral passo-fundense, Ricordi D’Italia, participou de encontro de corais em Marau. É fácil imaginar dificuldades para reunir mais de uma dezena de corais da região. A presidente do Ricordi, Glaci Bortolini, ressaltou o quanto é importante a arte musical para estimular o ânimo das pessoas e o relacionamento das comunidades. Aliás, os maestros e maestrinas estão desenvolvendo enorme trabalho com as artes do canto. Há um circuito fértil de compaixão e felicidade nesta atividade.

 

Cancelado

A hipocrisia ronda o ambiente educacional. Imaginem a besteira de quem quis cancelar o livro Menino Marron, do Ziraldo. Obra primorosa, inteligente e muito brasileira. Felizmente derrubaram a tal censura.  

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