OPINIÃO

Teclando - 26/06/2024

Viva o Brizola!

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Viva o Brizola!

Numa segunda-feira, 21 de junho de 2004, jantava no Restaurante Alberto’s em Itapema, quando recebi uma ligação de minha Mãe. Muito triste e emocionada, informou-me da morte de Leonel Brizola. Em seguida, entrei em linha direta com Passo Fundo. Pedi um Johnny Black, ergui o copo e gritei bem alto: “viva o Brizola”, para a estranheza dos presentes. Pois bem, esta expressão me acompanha desde piá. E não é por eu ter estudado numa das 6.302 escolas que Brizola construiu no Rio Grande do Sul.

É um sentimento que passou pela Legalidade. Mesmo que estivesse com apenas cinco anos, já conversava pelos cotovelos e dizia que Jango seria o presidente porque era o vice. Então, após o golpe em 1964, fui uma das primeiras vítimas da censura, pois o bom senso de meu Pai vetou minha presença na sala enquanto recebíamos visitas. O nome Brizola estava proibido.

Ora, a válvula de escape da gurizada era sair pelas ruas e gritar ‘viva o Brizola’, porque rebeldia jovem aflora em época de opressão. E o grito ganhou consistência ao amadurecer conhecendo mais sobre o então exilado. Pude gritar ‘viva o Brizola’ ao recebe-lo em Passo Fundo. Ou, ao lado do próprio, em comícios que apresentei na carroceria de um caminhão e no Ginásio Maggi De Cesaro. E continuei soltando o mesmo grito de piá quando Brizola aparecia em programas políticos ou entrevistas na televisão. Vieram os CIEPS e gritei ‘viva o Brizola’. Sambódromo e, já em ritmo de samba-enredo, gritei ‘viva o Brizola’.

O grito mais forte explodiu quando num debate Brizola lascou: “a educação não é cara. Cara é a ignorância”. Lá se vão 20 anos que Brizola se foi, mas o grito permanece engatilhado na minha garganta há 60 anos. E, como o tempo clareia as ideias, cada vez mais escuto vozes arrependidas dizendo que o Brizola tinha razão. Que bom, antes tarde do que nunca. E, persistente, sigo gritando por aí: viva o Brizola!

Parafuso

E lá se foi um brizolista histórico: Oldemar Roesler, o conhecido Parafuso. Seu corpo será velado hoje, quarta-feira, na Capela Cristal do Memorial Vera Cruz. O velório será das 8h às 18h. Parafuso, que completaria 87 anos na sexta-feira, era aposentado do Banrisul. Conhecido pela dedicação ao preparo de churrascos e outras boias campeiras, também foi dirigente e torcedor fanático do Sport Clube Gaúcho. Meu abraço aos familiares.

Sal de aipo

Hoje rotulada de gastronomia, a velha culinária podemos simplificar como cozinha. O interessante, fora modismos e outras babaquices, é o dom de apreciar do mais simples às mais sofisticadas iguarias. Este era o perfil do saudoso amigo Antoninho Ferri. Foi um raro apreciador da boa cozinha. Peregrinava pela cidade para encontrar uma especiaria. Certa vez, colocou-me na obrigação de elaborar o clássico Pato com Laranja. Uma exitosa trabalheira que me deixou com dores nas costas por uma semana. Entre tantas excentricidades, Ferri adorava um sal de aipo ou sal com aipo. Também aprecio aipo, pois, de forma natural, tem o mesmo sabor dos caldos artificiais. Na semana passada, ao temperar um mix de folhas, senti a necessidade de dar um toque especial à saladinha. E, então, veio a memória o sal de aipo que o Ferri tanto badalava. Pena que não encontrei. Mas, de fato, dá um toque especial às saladas. Vou procurar com calma, pois as folhas verdes ficam mais alegres com um toque de sal de aipo.

Pastelaria

Parece piada, mas a pastelaria aqui no térreo do prédio continua fedendo aos quatro ventos. Um fedor insuportável de alho, cebola, fritura, molhos e outros odores desagradáveis. É crime ambiental, tanto que há um bom tempo a maioria dos estabelecimentos da alimentação instalaram equipamentos para eliminar o mau cheiro. Será que ninguém fiscaliza isso? Ou fiscalizar seria antipático? Mas, obviamente, prevaricar é bem pior.

Sentimentos

Um toque de mãos conduz energias. Um abraço é terapêutico. Um beijo é muito mais, envolve e apaixona. E o muito mais, então, não tem nem explicação, né? A vida é a energia da emoção, porque assim são os nossos sentimentos. E, como energia é vida, os sentimentos jamais podem ser sufocados. O importante é senti-los!

Centenário

Agora o cálculo parece bem mais simples, pois é um ano menos uma semana. Então, faltam 358 dias para o Centenário de O Nacional.

Trilha sonora

The Swingles & The Ayoub Sisters – Libertango


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