OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Mercosul

Transcorre a partir do dia 7 de julho, a cúpula de líderes do Mercosul, no Paraguai. Enquanto essa coluna é fechada, Milei, o presidente da Argentina, não havia confirmado a sua participação, enviando no seu lugar a sua ministra de relações exteriores, Diana Mondino. O Mercosul, enquanto bloco econômico, tem perdido força, desde que não houve um empenho significativo, por exemplo, em reavaliar a Tarifa Externa Comum (TEC), que é o mecanismo que deveria garantir a competitividade entre os países membros. Outro aspecto é o caráter integrativo. Há mais de década que o bloco não consegue avançar nos estágios de integração, sendo considerado por alguns como uma união aduaneira imperfeita, quando na verdade, não pode ser considerado nem como uma área de livre comércio, que seria o primeiro estágio integrativo. O acordo do bloco com a União Europeia também não avançou, principalmente pelo forte lobby dos produtores rurais europeus. A política externa de Lula, não apenas a atual, sempre colocou no Mercosul o seu verniz essencialmente ideológico. Isso ficou claro quando do apoio à entrada da Venezuela no Mercosul (atualmente o país está suspenso), uma vez que Lula considerava (e ainda considera) o país como uma “democracia”. O fato é que a visão de Lula sobre as relações internacionais latino-americanas está presa na camaradagem com os seus pares no Foro de São Paulo. Enfim, mais relevante que a ausência de Milei na cúpula do Mercosul, é o desprestígio da política externa de Lula. Não há qualquer interesse em escutar Lula, como ficou evidente na última cúpula do G20, onde os líderes ocidentais sequer mantiveram diálogos de alto nível com o presidente.

 

Bolívia

A cúpula será marcada, principalmente, com a adesão da Bolívia ao bloco, em caráter pleno. Isso tudo, mesmo depois de ter demonstrado a instabilidade política com a recente tentativa de golpe, considerada pelo próprio perpetrante como uma ação articulada pelo presidente Luis Arce, preocupado com a sua popularidade.

 

Cenários

A reunião dos líderes na cúpula terá efeito mais político do que prático. A provável adesão da Bolívia não anima, principalmente pela considerável instabilidade política no país, neste momento. Com a ênfase nos discursos políticos, mais uma vez perder-se-á a inevitável discussão sobre a competitividade do bloco, no que toca a TEC. O Rio Grande do Sul possui importante fatia de negociações no Mercosul em termos de agronegócio e, neste exato momento, mereceria uma atenção especial do governo federal, inclusive em termos de financiamento. Todavia, Lula parece não estar preocupado com os agricultores gaúchos, especialmente os arrozeiros, que com razão, até o fechamento desta coluna (03/07), iriam se reunir em Cachoeira do Sul para uma importante manifestação contra o descaso do governo federal. O momento seria oportuno para discutir apoio efetivo aos produtores gaúchos e a competitividade do Estado no Mercosul, a partir de novos mecanismos, além do financiamento necessário. Todavia, o Mercosul já entrou em estado de falência, ainda mais com a política externa de Lula. O que veremos é o teatro usual com manifestações políticas infelizes, na cúpula. O momento seria o de rediscutir as bases do Acordo de Assunção, mas os dissensos vão falar mais alto.


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