OPINIÃO

ALIMENTOS TRANSGÊNICOS, ADITIVOS E PESTICIDAS (2)

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Opinião de 109 Prêmios Nobel sobre os transgênicos

Mais de uma centena de ganhadores do Prêmio Nobel acusam a organização ecológica Greenpeace de crime contra a humanidade. Isso porque essa organização praticou movimentos de rechaço aos alimentos transgênicos em geral e, particularmente, ao arroz dourado. Cientistas vencedores do Prêmio Nobel nas áreas de química, medicina, física e economia firmaram uma dura carta aberta contra o Greenpeace. Pedem que as conclusões das instituições científicas competentes sejam reconhecidas e que abandonem sua campanha contra os organismos geneticamente modificados.

Entre os assinantes do manifesto estão, por exemplo, o biólogo James Watson, reconhecido por ter descoberto a estrutura do DNA, e a bioquímica israelense, Ada Yonath, responsável por esclarecer a estrutura do ribossomo, a fábrica de proteínas do corpo humano.

 

Necessidade de aumentar a produção de alimentos

Segundo aqueles cientistas, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura calcula que a produção mundial de alimentos terá de ser duplicada até 2050 para atender as necessidades crescentes da população mundial. Dizem na carta aberta que é necessário deter a oposição baseada em emoções e dogmas e em contradição com os dados da realidade. Afirmam que os alimentos transgênicos são tão seguros como qualquer outro alimento, senão mais, segundo as evidências científicas. Nunca houve um só caso confirmado de um efeito negativo na saúde dos humanos ou animais. Depois de 30 anos de utilização, uma grande revisão científica dos transgênicos, feita pela Academia de Ciências dos EUA, concluiu que não há nenhuma prova que eles tenham um impacto negativo na saúde das pessoas e no meio ambiente.

 

Norman Borlaug: críticos de pança cheia

Norman Borlaug (1914-2009) agrônomo, biólogo e geneticista americano, foi chamado de “pai da Revolução Verde” em razão de sua dedicação científica para produzir sementes de alto rendimento e resistentes às pragas. Estima-se que seu trabalho tenha salvado da inanição entre 245 milhões e um bilhão de vidas em todo o mundo. Em 1970 recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho no combate à fome em várias regiões do mundo (México, Paquistão, Índia). Borlaug criticou duramente a rejeição aos transgênicos. Segundo ele, “os ecologistas asseguram que o mundo não necessita de sementes transgênicas. Eles dizem isso porque têm a pança cheia. A oposição ecologista aos transgênicos é elitista e conservadora. As críticas vêm, como sempre, dos setores mais privilegiados, dos que vivem na comodidade das sociedades ocidentais e que nunca conheceram de perto as crises de fome. (...) São excessivamente teóricos e têm mais emoção do que dados”.

 

Alimentos geneticamente modificados seriam perigosos?

Steven Pinker, cientista e autor da vários livros de divulgação científica, todos com enorme repercussão no mundo, registra que em 1999, quando um ciclone deixou milhões de pessoas em perigo de morrer de fome na Índia, ativistas censuraram as sociedades humanitárias que distribuíram um nutritivo preparado de cereais porque continha variedades de milho e soja geneticamente modificadas (variedades que haviam sido ingeridas sem danos perceptíveis nos Estados Unidos). Oitenta e um projetos de pesquisa, feitos na Europa, conduzidos ao longo de quinze anos, não encontraram nenhum risco para a saúde humana ou para o meio ambiente representados por culturas geneticamente modificadas. Essas culturas não são mais perigosas do que alimentos ¨naturais¨ porque não diferem fundamentalmente dos alimentos naturais. Praticamente todo animal e vegetal vendido em uma loja de produtos naturais foi ¨geneticamente modificado¨ por milênios de cruzamentos seletivos e hibridações. A ancestral cenoura eram uma cenoura branca, fina e amarga; o ancestral do milho era um sabugo de menos de três centímetros de comprimento, facilmente debulháveis, com grãozinhos minúsculos e duros como pedra.

 

PS: Na próxima semana veremos algumas razões que procuram explicar o medo generalizado que sentimos dos alimentos artificiais e geneticamente modificados.

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