OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Desde que iniciou a guerra da Rússia contra a Ucrânia, Putin bradava contra o “expansionismo” da OTAN, que naquela altura não possuía qualquer proeminência. Com a sua manobra, o aventureiro de Moscou acabou dando significado à OTAN e, principalmente, mais força. Ocorreu nos EUA a cúpula da organização, sob a “liderança” de Biden, quando a Aliança Atlântica chega aos seus 75 anos. Para o presidente americano, a “OTAN está mais poderosa do que nunca”, o que é uma verdade. Na ocasião, Biden também aproveitou para anunciar mais um pacote de ajuda à Ucrânia, focado no aspecto de defesas aéreas adicionais. O anúncio chegou um dia depois de Putin ter mirado, e acertado, um importante hospital pediátrico ucraniano, levando a óbito crianças e inocentes, em um verdadeiro ato de covardia. A ajuda militar prevê uma bateria Patriot, somando-se aos EUA, a Alemanha e a Romênia. O sistema tornou-se o verdadeiro trunfo de Kiev na guerra, uma vez que consegue abater inúmeras ameaças aéreas como mísseis, drones e aeronaves, conseguindo trazer uma baixa significativa dos equipamentos russos. No momento em que os ataques aéreos contra a Ucrânia se intensificam, o sistema vem em boa hora e acaba sendo a esperança de alguns líderes ocidentais na defesa ucraniana, todavia acaba por estender ainda mais essa guerra de atrito, provocando a fértil imaginação soviética de Putin.

 

Adesão da Ucrânia na OTAN 

Uma das grandes discussões desta última cúpula foi sobre a adesão da Ucrânia na organização. Tanto Washington como Berlim preferem, de forma estratégica, não falar na data de adesão, levando-se em consideração o cenário incerto das eleições americanas. Nesse sentido, Zelensky se frustra. De igual forma, Putin fica apenas com a promessa de adesão, enfraquecendo a sua narrativa. A adesão traria uma mudança significativa no plano da guerra. Nesse cenário a Ucrânia deveria receber todo o apoio militar necessário e as forças da OTAN seriam, obrigatoriamente, envolvidas no campo de batalha, restando a reação de Putin, incerta. Com uma eventual vitória de Trump, o provável é que a adesão fique apenas no campo da narrativa, já que Trump disse que acabaria com a guerra em poucos dias.

 

Cenários 

Os líderes ocidentais tentarão arrastar o eventual dia de adesão da Ucrânia na OTAN, frustrando a expectativa de Zelensky. Todavia, virão respostas de Putin, não só em relação a isso, mas sobre a própria ajuda militar renovada à Ucrânia, no que toca a defesa aérea, cujo impacto será fortemente sentido por Putin, no campo de batalha. Para Putin, a adesão é inconcebível, mas é um problema que ele mesmo criou. Também ressurgirão em decorrência da cúpula, as narrativas nucleares, a partir da mentalidade soviética do Kremlin. A OTAN certamente vai robustecer, cada vez mais, os seus exercícios militares, lidando com todos os cenários possíveis, inclusive o nuclear. Isso vai demandar uma corrida armamentista. A eleição americana também é um game changer. A guerra de atrito estender-se-á, minando qualquer acordo de paz. Enquanto isso, os líderes ocidentais empurram o problema para o Zelenski, na esperança de que Kiev possa vencer Putin, algo que somente seria possível se a OTAN entrasse na guerra.

 


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