Nos últimos dias, o atentado contra Trump tomou destaque, e não poderia ser diferente, pois, os EUA ainda é a maior potência econômica e militar, no globo. A geopolítica aguarda ansiosamente o resultado do pleito que se avizinha. O fato é que Biden já estava enfraquecido por si só, estando Trump em vantagem. O simbolismo da imagem de Trump levantando-se do chão, com sangramento visível e pedindo ao seu público que lutasse, é de um líder forte, capaz de dar a proeminência que o país perdeu, com a desastrosa política externa de Biden. O fato é que Trump era um candidato forte e a tentativa de assassiná-lo, bem como a maneira com que ele lidou com o episódio, reforça ainda mais a sua vantagem. Com uma eventual vitória, torna-se importante analisarmos alguns cenários para o contexto geopolítico, em diferentes regiões.
Europa
Trump havia avisado os alemães que o futuro seria incerto com a alta dependência do gás russo, o que se confirmou com a guerra na Ucrânia, quando Putin fechou a torneira e obrigou o país a recorrer a outras fontes. Trump seria crítico ao atual empoderamento da OTAN, pois, fez críticas no passado. Teria mais afinidade com Georgia Meloni do que com Macron. Com o novo primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, um trabalhista, certamente manter-se-ia uma distância relativa.
América Latina
Dos governos de esquerda e certamente das ditaduras, ressurgiria o antiamericanismo infantil, inclusive da atual política externa do governo Lula. O cenário que se avizinha com o pleito na Venezuela, em 28 de julho, será um marcador importante, podendo também ser um divisor nas relações. Biden liberou algumas sanções importantes e como contrapartida esperou que Maduro fosse apoiar um “pleito democrático”, ledo engano. Haveria uma aproximação maior com a Argentina de Milei e até mesmo com Bukele, em El Salvador. No contexto geopolítico, a tentativa de afastar a presença chinesa na América Latina, inclusive em termos militares.
Eurásia
Da porção que engloba o leste europeu e a Ásia, a guerra na Ucrânia talvez seja o marcador mais importante, além da China, é claro. Trump chegou a afirmar que resolveria o conflito em dois dias. Haveria uma considerável redução da ajuda militar americana a Zelensky e uma tentativa de negociação. Em relação à China, Trump sempre focou mais na questão da guerra comercial, no plano econômico, do que do ponto de vista ideológico e conflitivo, que vimos em Biden. A relação com países como a Coreia do Sul e o Japão se fortaleceriam, principalmente no contexto militar. As rotas marítimas pela Ásia tomariam a atenção, no sentido de contenção da China e a manutenção relativa de uma segurança no contexto da região.
Oriente Médio
Trump foi responsável por desfazer o acordo nuclear com o Irã, no passado. No atual contexto seria muito difícil o retorno de qualquer tratativa. O aliado de primeira ordem é Israel e o apoio à operação em Gaza seria notável. Trump voltaria a ter um olhar mais atento à região, diferentemente de Biden, que com a saída desastrosa do Afeganistão, abriu caminho para o terrorismo global. Trump buscaria reforçar a contrariedade ao Irã e sua guerra de procuração, realocando forças e efetivos na região, para manutenção de uma segurança relativa.