OPINIÃO

Conjuntura Internacional  

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Enquanto esta coluna é fechada, no dia 24 de julho, aproxima-se um importante pleito eleitoral na Venezuela, com amplo interesse internacional. Há de se considerar um risco geopolítico, a partir das possibilidades de ações do ditador Maduro. A oposição demonstra força e as pesquisas apontam que o candidato Edmundo Gonzáles Urrutia possuía mais de 60% das intenções de voto. Urrutia foi nomeado após a inabilitação da forte opositora, María Corina Machado, que mesmo assim, mantém os seus discursos perante verdadeiras multidões que a acompanham. Com a ditadura de Maduro, já saíram da Venezuela mais de 8 milhões de habitantes, que fugiram de lá em busca de oportunidades, inexistentes na deprimente ditadura. Em seus últimos discursos, Maduro fez ameaças, inclusive de um “banho de sangue”, caso vier a ser derrotado, incitando uma guerra civil que poderia ser uma tragédia e até mesmo uma nova crise imigratória, caso Maduro não ceda. As eleições de 2018 foram claramente fraudadas e não foram reconhecidas por uma grande porção de países ocidentais. Nessa conjuntura toda, podemos trazer alguns cenários dos dias que virão a partir do resultado das eleições.

 A oposição vence 

Neste cenário, como resultado das próprias pesquisas de intenção, Edmundo Urrutia vence as eleições, mesmo com as esperadas sabotagens e fraudes por parte de Maduro, como vimos em 2018. O desespero do tiranete é evidente e aqui há um risco considerável de Maduro não aceitar os resultados, esculhambando com o processo e incitando a população a uma guerra civil. Não há qualquer garantia de que Maduro realmente aceite o resultado, de forma pacífica. Terá ainda em suas mãos, as forças armadas e o aparato governamental e de repressão. Nesse sentido, haveria forte pressão internacional, com desdobramentos incertos. Se realmente uma guerra civil eclodisse, o potencial para uma ingerência externa seria inevitável.

 Maduro vence 

Mesmo com a esperada fraude e mecanismos de toda a sorte para desviar os votos da oposição, Maduro consegue “vencer”, mesmo com as pesquisas de intenção demonstrando o contrário e o clamor da sociedade para a derrocada de Maduro, que é visível nos comícios da oposição. Aqui também haveria uma pressão internacional e a probabilidade do não reconhecimento do pleito. Para Maduro, seria o momento de reforçar a sua narrativa, colocando o povo venezuelano à toda sorte de experimentos ditatoriais, em uma conjuntura muito delicada. Aqui a oposição não teria muita margem de manobra, mesmo com a propositura de um novo pleito, que teria os mesmos riscos. Aqui, a crise imigratória se intensificaria, com milhares de pessoas fugindo da ditadura, trazendo repercussões importantes na América Latina.

 Cenário internacional 

Caso a oposição venha a ganhar e o cenário interno não se agrave por conta de Maduro, a Venezuela certamente mudaria completamente o rumo de sua política externa. Lembrando que Edmundo Urrutia é um diplomata com larga experiência de serviço no estrangeiro. O primeiro recuo seria na questão da Guiana Essequiba. O retorno das relações com as democracias tomaria espaço, colocando o país em outro nível, todavia o maior desafio é interno. Há de se recuperar o que ainda resta de Venezuela.

 

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