OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Na coluna da semana passada já havíamos aventado possíveis cenários e desdobramentos na conjuntura delicada da Venezuela. Como esperávamos, as eleições foram vergonhosamente fraudadas, dando a “vitória” a Maduro, com típicas cenas de um teatro farsesco. Urrutia, por seu turno, recebeu expressiva votação, que denota o cansaço e desgaste de uma população refém de um ditador deprimente, que colocou a Venezuela na rota da miséria, mesmo sendo um país que possui reservas petrolíferas abundantes. Nos próximos dias, talvez semanas, veremos Maduro esticando a corda, de inúmeras formas. Até o fechamento desta coluna, as tais das atas que o Conselho Eleitoral iria apresentar, não apareceram. E se surgirem, certamente serão tão falsificadas como as próprias eleições. O caos está estabelecido, a energia elétrica e a internet muito provavelmente serão cortadas. Maduro também ordenou que os postos de gasolina não abasteçam a população, tudo para dificultar o trabalho da oposição, enquanto não tentar prendê-la. Mas torna-se importante questionar, afinal, quais são os interesses em jogo neste momento?

 

Interesses 

Primeiro, cabe pontuarmos, Maduro é um mero fantoche russo-chinês-iraniano. Esses três países, que hoje formam um eixo autocrático e contestador a partir do BRICS, possuem pesados interesses na Venezuela, que se tornou um ponto avançado do eixo na América Latina, para confrontar a influência americana. Só com a China, Maduro fez mais de 400 acordos, que vão da energia, infraestrutura, mineração até a educação. Da Rússia, vinha comprando armas e acordos na área do petróleo. Com o Irã, a parceria é muito íntima. O ditador venezuelano chegou a dizer que possui, juntamente com o Irã, “inimigos comuns”. A projeção é de que o comércio com a teocracia superasse os 10 bilhões de dólares nos próximos anos. Assim, como um fantoche, Maduro responde aos pesados interesses dessas ditaduras, que compraram a Venezuela, inclusive a sua soberania. Muito provavelmente o regime de Maduro tenha recebido ajuda desses países, em suas manobras internas.

 

Política Externa do Lula 

Até o fechamento desta coluna, o silêncio da política externa lulista era ensurdecedor. Amorim foi até a Venezuela para atenuar a fraude gritante de Maduro. O BRICS quer uma nova ordem mundial, que demova o dólar como moeda fiduciária internacional e troque o regime ocidental por outra coisa, que existe somente na cabeça de ditadores deprimentes na Rússia, China e Irã. Lula é subserviente a essas ditaduras, pois acredita que terá um lugar de liderança nessa nova ordem, uma esperança ideológica sem qualquer fundamento. Por isso, a dificuldade de Lula em reconhecer a fraude, apenas para agradar os seus chefes. Aliás, Rússia, China e Irã foram uns dos primeiros países no mundo a reconhecer a "vitória" de Maduro, tudo para que os seus interesses não sejam prejudicados. A política externa brasileira, historicamente, nunca passou por tantos constrangimentos como estamos vendo. Será preciso dos líderes internacionais, uma pressão forte contra Maduro, não podendo ser desconsiderada uma intervenção relativa, a fim de se evitar uma tragédia humanitária. A realpolitik deverá surgir, principalmente, por parte dos EUA, para que não percam a influência na América Latina, o que poderá mudar com Trump.

 


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