OPINIÃO

A assunção de Maria

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Desde a origem do cristianismo estava presente a convicção de que o corpo de Maria não sofreu a corrupção e foi assunta ao céu. A proclamação do dogma da Assunção aconteceu em 1950 pelo Papa Pio XII confirmando esta convicção. A constituição conciliar Lumen Gentium ensina: “A Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da culpa original, terminando o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste e foi exaltada pelo Senhor como Rainha do Universo, para mais plenamente conformar-se a seu Filho, Senhor dos Senhores e vencedor do pecado e da morte” (LG n.59).

Com esta festa a Igreja revela ao mundo a sua esperança segura e definitiva de ser glorificada em Cristo na eternidade. Maria como primeira fiel é modelo. “Entrementes, porém, a Mãe de Jesus, da mesma forma que já está glorificada em corpo e alma nos céus e é a imagem e o início da Igreja como deverá ser consumada no futuro, assim também brilha aqui na terra como sinal de esperança segura e de conforto para o povo de Deus, que peregrina até chegar o dia do Senhor ( 2Pd 3,10). (LG n.68)

Toda festividade religiosa relacionada a Jesus Cristo, ou a Maria ou aos santos ilumina e orienta a vida dos cristãos peregrinos neste munto. Nos textos litúrgicos da festa da Assunção de Maria ao céus temos a valorização de toda a pessoa – corpo, alma e espírito. (Apocalipse 11, 19;12,1-10; salmo 44, 1 Coríntios 15,20-27 e Lucas 1,39-56). Diante da tentação de fragmentar o ser humano em partes isoladas e apartadas entre si, celebramos e exaltamos hoje o valor da unidade. Alma e corpo, espírito e matéria, mundo dos homens e mundo de Deus: tudo deixa de ser antítese para se tornar uma feliz síntese.

A Festa da Assunção coloca na história o artigo de fé professada cada domingo: “Creio na ressurreição da carne; na vida eterna”. O corpo glorificado de Maria testemunha e comprova a profissão de fé cristã. Tudo isto deve ser colocado no contexto pascal do Cristo ressuscitado e glorificado, como ensina São Paulo aos Coríntios. “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. [...] Cristo como primícias; depois os que pertencem a Cristo”.

O evangelista Lucas relata a visita de Maria a Isabel depois lhe ser anunciado pelo anjo Gabriel que seria a mãe do Salvador. Levando Cristo no seu ventre temos a aproximação entre Deus e os homens e os homens com Deus. O encontro de Maria com Isabel e João Batista será marcado pela alegria que faz os envolvidos se expressarem de várias formas. João Batista “pulou” no ventre e “Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, Isabel exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” [...] Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu”. Maria reage cantando: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador”.

O cântico de Maria, que levou o título de Magnificat, canta a proximidade de Deus e o agradecimento pela sua presença num mundo pobre, repleto de fraquezas e pecados, mas as pessoas de fé confiam na ação salvadora de Deus no mundo e apontam fatos. Maria celebra cantando as obras que Deus realizou nela e em cada pessoa de fé.

Para nós que continuamos peregrinando pela terra temos no eternidade Maria que continua intercedendo por nós. “Assunta aos céus, não abandonou esta salutar missão, mas, por sua multíplice intercessão continua a obter-nos os dons da salvação eterna. Por sua maternal caridade cuida dos irmãos de seu Filho, que ainda peregrinam e se acham em meio a perigos e dificuldades até chegarem à pátria feliz” (LG n. 62).


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