Foi divulgado recentemente um documento, até então sigiloso, que dava conta que os EUA, por ordem de Biden, haviam iniciado uma estratégia para possíveis cenários de ameaça nuclear pela Rússia, China e até mesmo, Coréia do Norte. O documento fora redigido por volta de março e espelha a conjuntura da geopolítica no início deste ano, com as constantes ameaças nucleares por parte de Putin e as aventuras do ditador norte-coreano, que mantém laços estreitos com Moscou. O governo americano chegou a afirmar que não se tratava de uma ameaça específica, sendo apenas uma coordenação estratégica em caso de cenários nucleares. Putin, nos últimos meses, fez diversas referências sobre uma possível guerra nuclear, em tons de ameaça, principalmente acerca do envolvimento das potências ocidentais em apoio à Ucrânia e do eventual envio de armas, como mísseis balísticos de longo alcance.
Programa Nuclear Chinês
Um fato a se considerar, dentro desse contexto, é o crescimento do arsenal nuclear chinês, uma vez que Beijing vem conduzindo um célere programa nuclear, que nos próximos anos se equivaleria aos arsenais russos e americanos, os maiores do mundo, em termos nucleares. A diferença hoje ainda é grande, China possuindo 500 armas nucleares, enquanto os EUA e Rússia, com cerca de 5 mil. Todavia, nesse tipo de guerra, mesmo que seja uma ogiva, os danos já estariam postos. Em todo o caso, é necessário que a questão nuclear seja encarada a partir das parcerias internacionais, como no caso da China com a Rússia (parceria sem limites), isso daria mais armas nucleares ao eixo autocrático que quer acabar com o regime ocidental e aí reside a principal preocupação, pois, é contraproducente analisar a China de forma isolada.
Destruição Mútua Assegurada
Nas doutrinas militares sobre as guerras nucleares, surge o importante conceito da Destruição Mútua Assegurada. Esse conceito guarda um processo dissuasório que leva em conta que, em caso de uma guerra nuclear, a resposta viria do outro país em questões de minutos, promovendo a destruição total, não apenas do país atacado, como também do agressor. Essa é a razão que demove os líderes internacionais a iniciarem uma guerra nuclear, cujo objetivo centra-se mais no aspecto da dissuasão. Mesmo assim, é importante que as grandes potências mantenham programas estratégicos que levem em conta todos os cenários possíveis.
O mundo mudou
Depois da longa Guerra Fria, onde a ameaça nuclear fora a tônica, a geopolítica parecia ter deixado de lado esse tipo de ameaça. Com o caminho livre para Putin dar curso aos seus delírios soviéticos e expansionistas, a narrativa nuclear voltou à cena, dentro de uma estratégia de dissuasão ao apoio militar ocidental a Kiev. Outro aspecto que deu apoio às narrativas nucleares foi a construção de um eixo autocrático liderado pela Rússia, China e até mesmo o Irã, cujo objetivo é o de substituir o regime ocidental por alguma estrovenga ditatorial. O eixo envolve lunáticos como Putin e o próprio ditador norte-coreano. O déficit de lideranças ocidentais, capazes de refrear os delírios de ditadores, abriu caminho para o avanço deles na geopolítica internacional e a narrativa nuclear veio à tona, como mecanismo de confrontação e para provocar a desordem internacional, que em um primeiro momento é benfazeja ao eixo autocrático.