OPINIÃO

O NOVO ILUMINISMO: EM DEFESA DA RAZÃO, DA CIÊNCIA E DO HUMANISMO

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Iluminismo: Ouse saber e saia da menoridade

O Iluminismo foi um movimento científico e filosófico europeu que teve suas origens mais próximas na Revolução Científica do século 17 e atingiu seu auge no século 18, o chamado Século das Luzes. Seus pensadores defendiam a razão e a ciência como a principal fonte de conhecimento e legitimidade, e não a fé religiosa ou a tradição. Defendiam a liberdade, a tolerância religiosa, o progresso, a fraternidade, o governo constitucional e a separação Igreja-Estado. Enfatizavam o método científico como indispensável ao progresso da humanidade.

           Para o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) o Iluminismo é “a saída do ser humano da menoridade de que ele próprio é culpado”, de sua submissão “preguiçosa e covarde” aos “dogmas e fórmulas” da autoridade religiosa ou política. Não foi por outros motivos que Frederico II, rei da Prússia, proibiu-o de escrever sobre religião. O lema que Kant proclamou tornou-se célebre: ouse saber (sapere aude)

 

Os Anjos Bons e o Novo Iluminismo

Após publicar “Os Anjos Bons da Nossa Natureza”, Steven Pinker levou às livrarias e bibliotecas de todo o mundo o livro “O Novo Iluminismo: Em defesa da razão, da ciência e do humanismo” (2018). Mais uma vez, Pinker quis mostrar, com uma profusão de dados, estatísticas e impressionantes 75 gráficos, que devemos rechaçar as manchetes alarmistas e as profecias apocalípticas que vicejam e influenciam nossa visão de mundo. O mundo não está desmoronando e o ideal de progresso não está obsoleto. Claro que existem disfuncionalidades. Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão, escreveu que da madeira torta da qual o homem é feito, nada reto pode ser realizado. No entanto, é inegável que vivemos bem melhor do que nossos antepassados.

 Uma realidade diferente

           A realidade mostra um quadro diferente do apresentado pela “progressobia”. Extraordinárias benesses de nosso cotidiano não recebem o devido valor: recém-nascidos que viverão por mais de oito décadas, mercados abarrotados de alimentos, água limpa que surge com um movimento dos dedos, dejetos que desaparecem, comprimidos que debelam uma infecção dolorosa, filhos que não são mandados para a guerra, críticos dos poderosos que não são presos ou fuzilados, o conhecimento e a cultura mundiais disponíveis num telefone no bolso da camisa.

 

O progresso humano graças à razão, à ciência e ao humanismo

           O “Novo Iluminismo” demonstra que a vida, a saúde, a prosperidade, a segurança, a paz, o conhecimento e a felicidade estão em ascensão, não apenas no Ocidente, mas em todo o mundo. Esse progresso não é consequência de alguma força cósmica, mas uma herança do Iluminismo. Seus ideais nos ensinam a aplicar a razão e a ciência para aprimorar nossas sociedades. Mas esses ideais precisam ser reforçados e defendidos contra ondas de negacionismo da ciência, da história e da razão, fomentadores de movimentos perigosos como o ataque ao Capitólio nos Estados Unidos da América e à Praça dos Três Poderes em Brasília.

 Progressobia

           Apesar do progresso material e moral provocado pela aplicação dos ideais iluministas (razão, ciência e humanismo), ainda é bem difundida uma visão desoladora do mundo. Essa visão, chamada por Pinker de “progressobia”, surge no tom sensacionalista e negativo dos noticiários e, mais especialmente, no mundo cultural e acadêmico. Assunto que veremos na próxima coluna. Essa progressobia, esse pessimismo em relação ao mundo que vivemos, será tema da próxima coluna.

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