Papel e tinta
Sábado, 16 de junho de 1984. A voz de José Fontella, locutor-chefe da Rádio Guaíba, anuncia que o Correio do Povo deixará de circular. Corri até a Revisteira Central para dividir a tristeza com o Aldrian. Peguei dois exemplares da última edição standard que, recentemente, “desapareceram” de nossa casa em Erechim.
Agora, 40 anos depois, ganhei um presente carregado de significativos valores. Vai além do carinho do presenteador, traz o abraço de seus familiares e a recordação de uma longa amizade que passa dos 45 anos. O regalo é a cara do próprio pago, didático e também tem o insuperável aroma do papel impresso, para refletir sobre ontem, hoje e amanhã. O presenteador é o querido Augusto Ramires, que conheço desde bem piá.
Um pacote prateado e um carinhoso cartão dizendo para “degustar cada página e relembrar histórias”. Em tão afetuoso embrulho, encontrei o livro “Breno Caldas – A Imprensa e a Lenda”, de Tibério Vargas Ramos. Para nós do segmento impresso, um à la carte com delicados consommés como entrada, folhas verdes que lembram o logotipo da Caldas Júnior, prato principal com molhos de suaves a apimentados e, de sobremesa, pitadas de bom humor.
Uma leitura indispensável, em especial aos profissionais e pseudo profissionais da imprensa. Certamente, Doutor Breno, como era chamado nos corredores da Caldas Júnior, deixa interessantes lições. Na área política, teve o respeito em todos os lados. Aconselhou presidentes e, em anos de chumbo, abrigou profissionais que chamava de “comunistas de confiança”. Não necessitou de promoção pessoal para impor respeito, nem se autorrotulou. Certamente, um livro para colocar os pingos nos is e reverenciar o papel e a tinta.
Ah, além do livro, a cereja do bolo: um exemplar intacto e amarelado da penúltima edição de o Correio do Povo nos tempos de Breno Caldas. Obrigado, Augusto. O fruto não caiu longe do pé.
Troca-troca
A cada eleição enxergamos um cenário distinto. Os figurantes praticamente ainda são os mesmos. O difícil é saber em que lado estão desta vez. O grande mistério é compreender quem é quem e com que turma andam. Até podem argumentar que a política é dinâmica. Concordo, mas será que os princípios ideológicos evaporaram? A fidelidade não é apenas uma virtude. Também é um forte indicativo de credibilidade.
Ditado
É muito gostoso ouvir ditos e provérbios que saltam de boca em boca pelo Rio Grande afora. A sempre querida Ale Lima, vinda lá de Santiago do Boqueirão, trouxe na bagagem um tempero do palavreado santiaguense. Do alto de sua perspicácia, dia desses lascou: "não procure carne nova no mesmo açougue"! Tem lógica, Ale.
Calçadas
Vi uma mesinha sobre o passeio público. Logo imaginei mais alguém vendendo quinquilharias em local inadequado. Porém, pasmem, era material de um concorrente a vereador. Se agora, como candidato, não tem o mínimo bom senso e nem respeita as normas de postura, imaginem o que poderá fazer se eleito. Já não bastam os vergonhosos abusos que temos pelas calçadas da cidade? Olha o nível dessa turma!
Pastelaria
A pastelaria aqui embaixo continua exalando um fedor insuportável.
Agouro
Passou agosto. Ufa!
Centenário
Faltam 257 dias para o Centenário de O Nacional.
Trilha sonora
Lembrando o velho Correio do Povo, nada melhor do que “A Música da Guaíba”:
Baja Marimba Band - Do You Know The Way To San Jose