Os EUA são a maior potência global, capazes portanto de operar em diferentes teatros estratégicos, simultaneamente. Todavia, a geopolítica global vem colocando uma série de desafios à superpotência militar, em diferentes tabuleiros, contestando a capacidade dos EUA em determinar a agenda internacional e os assuntos da realpolitik. A eleição que se aproxima no país possui potencial de ser apertada, mesmo com um relativo favoritismo de Donald Trump, principalmente, porque os eleitores americanos depositam a sua atenção na política externa. Com Biden, vimos um verdadeiro desastre em curso, mesmo levantando as bandeiras democratas e as suas decorrentes narrativas, observou-se grande ingerência no plano internacional, de forma descontrolada e perigosa, sem saber lidar com adversários como a China e a Rússia. Putin apostou no déficit de liderança de Biden, incapaz de demonstrar força. O resultado é o que temos hoje. Harris seguiria em linha muito similar na condução da política externa, perdendo o controle sobre os acontecimentos, sem saber lidar com os desafios que emergem, e não são poucos. Trump também teria uma sorte de desafios a resolver, a começar pela Ucrânia.
Rússia
Tanto para Trump como Harris, a Ucrânia é uma questão de difícil solução. Já há uma pressão por parte do congresso americano em relação aos pacotes militares. Trump deu sinais de que essa ajuda poderia estar comprometida, ao mesmo passo em que afirmou, se eleito, acabar com o problema no leste europeu, em poucos dias. Zelensky partiu para uma nova estratégia, de incursão no território russo. Isso, se persistir, demandaria muita ajuda militar e um posicionamento. Harris daria fôlego ao Zelensky, Trump tentaria refrear os ímpetos, para não arrastar os EUA ainda mais para o problema.
China
Tornar-se-á importante, construir uma estratégia inteligente para se lidar com Pequim. Biden adotou postura agressiva, em diversos temas. Trump daria mais foco à questão comercial do que política. Será preciso também contornar a projeção internacional chinesa, que avança rapidamente na América Latina (onde os EUA tiveram mais influência), basta vermos o que ocorre na Venezuela, que praticamente é um protetorado chinês.
Oriente Médio
A turbulência no Oriente Médio preocupa, principalmente com a possibilidade de o conflito escalar a partir de novas ameaças por parte do Irã, país que vem enriquecendo urânio de forma substancial, sem qualquer controle da ONU ou dos EUA. A emergência do terrorismo global poderá voltar a ser um grande problema e vai demandar dos EUA um olhar estratégico ao Oriente Médio, sobretudo em termos militares.
Realpolitik
No mundo de hoje, a realpolitik voltou a ter proeminência, após as incursões soviéticas de Putin e do cenário no Oriente Médio. A paz não é uma garantia e os ditadores, cada vez mais, vão fazer as suas aventuras, o que demandará dos EUA um posicionamento firme e inquestionável, o que não ocorrerá com Harris. O eixo autocrático vai desafiar o Ocidente e o sistema financeiro vigente, no objetivo de substituir o dólar. Os EUA precisarão marcar posição, para não permitir que o BRICS se torne um pólo de poder contestador. Trump ainda é uma esperança, no sentido de retomar as rédeas na política internacional e reposicionar os EUA.