OPINIÃO

Um novo livro da “grife” Floss

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A agricultura brasileira, nos últimos anos, passou por transformações que, até bem pouco tempo, para os padrões históricos mundiais, seriam inimagináveis. Quem se arriscaria a prever que um país, até boa parte os anos 1970, conhecido apenas como exportador de café e pelos ciclos passados da borracha e da cana-de-açúcar, antes mesmo da virada do século XX para o século XXI, iria ocupar posição de destaque no grupo das principais nações produtoras e exportadoras de alimentos no mundo? Isso aconteceu por obra e graça da inovação tecnológica e de políticas públicas levadas ao campo e pelo empreendedorismo dos nossos produtores rurais.

Foram muitas as mudanças tecnológicas postas em prática na agricultura brasileira, antes que essa se configurasse, efetivamente, em um dos pilares da economia nacional. As transformações nos processos produtivos, que viabilizaram o uso de terras, até então, vistas como pouco produtivas ou improdutivas, em termos agrícolas, a exemplo dos “campos de barba-de-bode”, no sul do Brasil, e dos solos ácidos e pobres quimicamente do bioma Cerrado, no centro do país, passaram despercebidas para a maior parte da população, inclusive, atualmente, ainda passam, para alguns assistentes técnicos e produtores rurais, que são atores diretamente interessados no negócio agrícola.

E vieram, não raro simultaneamente, práticas inovadoras em correção de acidez, fertilização e manejo de solos; cultivares com um novo padrão de planta; tecnologias de controle de doenças, pragas e plantas daninhas melhores; uso intensivo da mecanização, com a integração da mecânica e da eletrônica produzindo equipamentos cada vez mais eficientes; e, sem que se possa ignorar a importância, o uso de boas práticas de gestão e o desenho de modelos de sistemas de produção que, no caso dos cultivos produtores de grãos, podem permitir, em boa parte do país, a exploração intensiva e sustentável das terras ora em uso agrícola nos 365 dias do ano.

Aqui chegamos! Mas, e os novos avanços que permitirão, pelo menos, manter o posto ora ocupado pelo Brasil na agricultura mundial, de onde virão? Inovações disruptivas, a exemplo do papel desempenhado pela tecnologia OGM no controle de plantas daninhas, não surgem a todo instante. Indubitavelmente, para mantermos a competitividade da agricultura brasileira, no cenário global, precisamos melhorar a eficiência de uso dos nossos recursos do ambiente. Há oportunidade para elevarmos e estabilizarmos, de forma sustentável e competitiva, a produtividade dos cultivos agrícolas no Brasil, por exemplo, estreitando as lacunas de rendimento (yield gaps) observáveis entre os resultados obtidos em experimentos e o desempenho em lavouras, que supostamente utilizam o que há de melhor em tecnologia de produção. É nessa particularidade que o livro ECOFISIOLOGIA E MANEJO DE CEREAIS DE INVERNO, de Elmar Luiz Floss e Luiz Gustavo Floss, que ora está sendo lançado pela Passografic e INCIA, se encaixa perfeitamente, vindo a suprir uma lacuna nesse tipo de literatura aplicada à agricultura brasileira.

A elevação dos tetos de produtividade da agricultura brasileira, de forma sustentável e competitiva, vai exigir que a tecnologia de bom manejo de cultivos saia das recomendações regionalizadas, que foi um avanço no passado, para contemplar particularidades em escala de talhão nas propriedades rurais, unificando decisões de gestão de produção com os princípios da moderna agricultura digital. Mas, para que isso se concretize, não bastam mapas de zonas de manejo dos solos, gerados com técnicas de agricultura de precisão. O entendimento, em bases científicas, de como funcionam os cultivos agrícolas na sua relação com os componentes tecnológicos, interagindo com o ambiente, é fundamental. E, no caso dos cereais de inverno no Brasil, o livro ECOFISIOLOGIA E MANEJO DE CEREAIS DE INVERNO, lança luzes sobre esse assunto como nenhuma outra obra, até a presente data, o fez.

São obras como o livro ECOFISIOLOGIA E MANEJO DE CEREAIS DE INVERNO, produzidas por atores relevantes no tema, como Elmar Luiz Floss e Luiz Gustavo Floss, que poderão impulsionar a produção de trigo, triticale, cevada, aveias e centeio, cujo potencial de inserção dessas espécies nos sistemas agrícolas brasileiros, desde o extremo sul até o centro do país, ainda é um universo a ser melhor explorado.

Elmar Luiz Floss e Luiz Gustavo Floss colocam, generosamente, a serviço da agricultura brasileira o melhor do seu conhecimento sobre as bases funcionais (fisiologia) aplicada ao manejo de cereais de inverno no Brasil. São conhecimento originais, gerados por eles próprios e/ou compilados das muitas fontes bibliográficas consultadas, que se consolidaram a partir da experiência de muitos anos como docentes em cursos de graduação e pós-graduação, especialmente na Universidade de Passo Fundo, e em cursos avançados e de aperfeiçoamento no Instituto de Ciências Agronômicos Professor Elmar Luiz Floss (INCIA), em consultorias, palestras, treinamentos e difusão de tecnologia sobre a temática da obra. Mesmo assim, eles não ignoraram a importância dos pesquisadores, do passado e do presente, que construíram o acervo de conhecimentos, do qual se valeram de consultas para dar forma ao livro, deixando esse fato explicitado na dedicatória da obra.

Foi um privilégio ter sido convidado para assinar o prefácio da obra. Pela deferência, minha gratidão aos autores. O livro pode se adquirido no INCIA: (54)99672-2356.

SUGESTÃO DO COLUNISTA: O livro “El Niño Oscilação Sul – Clima, Vegetação e Agricultura” está disponível para download gratuito: https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1164333/el-nino-oscilacao-sul-clima-vegetacao-e-agricultura

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