Os engenheiros
Ano de eleições e bate uma saudade dos comícios à moda antiga. Mesmo antes de obter meu título de eleitor, eu não perdia um comício em Erechim. Os do nosso lado, é claro. Isso nos anos de chumbo, onde o bipartidarismo foi um divisor implacável. Subi no palanque pela primeira vez em 1976, a convite do saudoso amigo Dr. Sérgio Maccagnini então eleito vereador. Os discursos inflamados e o foguetório multiplicavam o orgulho de estar ali.
Já em Passo Fundo, em 1982, apresentei os comícios durante a campanha de Rudah Jorge. Mas a cereja do bolo viria em duas oportunidades ao lado do engenheiro Brizola. Foi assim num comício em cima da carroceria de um caminhão, na Gare. Dividi o microfone com Flávio Caetano, enquanto Pedro Martins Dóro fazia milagres com o precário equipamento de som. Isso, logo após o fim do bipartidarismo e, receosos, muitos acompanhavam de longe.
Em 1986, no Ginásio Maggi De Cesaro, dividi a apresentação com Altair Carlos Colussi na campanha de Aldo Pinto para governador. Então, tínhamos dois engenheiros bons de discurso no palanque: o governador do Rio, Leonel Brizola, e o prefeito de Passo Fundo, Fernando Machado Carrion. Emocionado, Carrion lembrava que tinha em comum com Brizola que os dois eram engenheiros e foram prefeitos. Tamanho entusiasmo que foi difícil tirá-lo do microfone.
Na troca de engenheiros, anunciei Brizola como futuro presidente do Brasil. Ao pegar o microfone, ele falou ao meu ouvido: “Deus te ouça, meu filho”. Excepcionalmente, falou pouco sobre os CIEPs, pois dedicou mais tempo para retribuir as palavras do engenheiro anfitrião. Elogios e empolgação ao falar das atribuições de um prefeito. Emoção na plateia e o outro engenheiro não conteve as lágrimas. Com certeza, um comício histórico. E emocionante.
As bandeirinhas
Sem o gostinho dos palanques, as bandeirinhas assumiram a personificação da campanha política. Os canteiros centrais da Avenida Brasil reúnem grupos entusiasmados agitando bandeiras das candidaturas. O mundo mudou, é claro, mas nunca entendi muito bem, de fato, quem são os cabos eleitorais. Sou dos tempos em que a gente vestia a camisa por vontade própria. E gratuitamente. Agora, supõem-se que essas turmas que agitam bandeirinhas por aí também estejam ali de forma espontânea e gratuita. Caso contrário, espero que os valores gastos com bandeiras e seus agitadores sejam devidamente contabilizados para a Justiça Eleitoral.
A ansiedade
Eleição não é apenas uma escolha. O período pré-eleição, então, é sempre uma incógnita. E como são duas eleições, uma majoritária e outra proporcional, os mistérios multiplicam-se. Tem muitos candidatos que se consideram eleitos. Porém, sem pesquisas científicas e devidamente registradas, fica difícil prognosticar algo. Acredito que a ansiedade desses dias é o diferencial desta campanha política. Dúvidas e mais dúvidas multiplicadas resultam em ansiedade coletiva.
As novidades
Na nominata de candidatos a vereador figuram alguns nomes persistentes. O interessante é que nunca sabemos sob o guarda-chuva de qual legenda estão desta vez. Mas as novidades são sempre bem-vindas. Nomes novos na política, alguns com excelentes fundamentos, outros com baboseiras mais ridículas do que os próprios. Mas, dirão alguns, isso é o retrato da sociedade. Pode ser, contanto que o resultado não avacalhe com a grandiosidade de Passo Fundo.
A Construimóveis
Acompanho a Construimóveis desde a primeira mostra, no segundo piso da Caixa. A obra evoluiu, adaptou-se às novas exigências dos consumidores e não perdeu o bonde tecnológico. Na sexta-feira, durante a festa de abertura, o amigo Eduardo Mattevi fez elogiosas referências à matéria que escrevi sobre o evento em O Nacional. Agradeço muito pelas palavras carinhosas e pelo reconhecimento das pessoas, justificando a importância do centenário do Jornal. Essa interação comunitária é uma distinção que carregamos com muito orgulho.
A Mesa Um
Na terça-feira, aumentou o quórum na Mesa Um do Bar Oásis. A volta de Aldo Battisti foi comemorada pela confraria. Juarez Azevedo e Ênio Xó Gava recepcionaram entusiasmados o Aldo, que andava um tanto ausente. Na pauta do dia um possível, prometido e quase ilusório jantar junto ao alagado de Ernestina. Há indício que Léo estaria trazendo vinhos de boas cepas que adquiriu em famosa vinícola chilena. Bom retorno, Aldo. Bons vinhos, Léo.
A pastelaria
Tudo na mesma. Às vezes mais, às vezes menos.
A contagem
Faltam 229 dias para o Centenário de O Nacional.
A trilha sonora
Bebu Silvetti - Lluvia de Primavera