OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Nos últimos dias, um importante recado foi dado pelos EUA, no contexto do turbulento Oriente Médio. Desde o acirramento e escalada entre Israel e Irã, os EUA ainda verificavam alguma forma de: 1) condicionar as respostas israelenses aos recentes ataques iranianos; e 2) dar suporte militar efetivo na região, sem iniciar uma guerra geral. Neste meio tempo veio a resposta, que carrega um forte simbolismo, bem como demonstra a forma eleita pelo governo Biden para lidar com a questão, que pode se transformar em um risco geopolítico fora de controle, a depender da movimentação das peças no tabuleiro. Esta coluna já trouxe, algumas vezes, a situação que se apresenta por parte de um dos braços do Irã, mais precisamente os houthis do Iêmen, que tem atacado embarcações civis a partir do estreito de Bab al-Mandab, que possui cerca de 30km de largura, uma importante rota marítima de tráfego também comercial. Desde que os houthis começaram a fazer os ataques, o comércio internacional sentiu o duro peso de um conflito que afetou diretamente as cadeias globais de abastecimento e, por consequência, o custo logístico e operacional, uma vez que as embarcações preferiram tomar outras rotas, encarecendo o frete.

 B-2 

Ocorre que nos últimos dias os EUA enviaram um poderoso (e caríssimo) bombardeiro para conduzir um ataque aéreo cirúrgico contra os houthis, o B-2 (cada um custa cerca de 2 bilhões de dólares), dos 19 que os EUA possuem. O houthis é um grupo terrorista/xiita, muito defasado em termos militares, logo, a cena foi contrastante, todavia o recado principal não é para o houthis e sim, para o Irã e as suas ameaças futuras. O bombardeiro, na ocasião, perpetrou um ataque contra uma reserva de munições do houthis, demonstrando seu poderio e precisão, que pode ser levado para outros cenários, como no caso iraniano. Até então os ataques contra os houthis eram operados a partir de embarcações no mar, sem qualquer dano às estruturas americanas. A mudança no modo operacional não indica uma preocupação maior com os houthis, se não, um recado aos aiatolás do Irã.

 Manifestação clara 

Não restou dúvida sobre a operação, após a declaração do Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin: “Esta foi uma demonstração única da capacidade dos Estados Unidos de atingir instalações que nossos adversários buscam manter fora de alcance, não importa quão profundamente enterradas, endurecidas ou fortificadas estejam”. Aqui cabe lembrar que o Irã possui uma condição militar mencionada pelo secretário, com diversas instalações subterrâneas espalhadas pelo seu território. Ele também chegou a dizer que os EUA “não hesitarão em tomar medidas para impedir ataques contra civis e nossos parceiros regionais”. Aqui sabemos, por certo, que o principal parceiro regional é Israel. Dessa forma, a opção americana foi dirigir um ataque aos houthis, para demonstrar sua capacidade de precisão, no sentido de dissuasão militar de próximas ações iranianas no tabuleiro do Oriente Médio, mantendo suporte a Israel. Seria inocente acreditar que levar um B-2 ao contexto fosse exclusivamente para combater o precário houthis. A mensagem está dada, basta sabermos se será suficiente no sentido de dissuadir o Irã, ou se abrirá uma escalada perigosa. Os democratas americanos querem a guerra. Trump poderia trazer outra configuração.

 

  

 

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